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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

ÀBÍKÚ


Se uma mulher, em país Yorubá dá à luz uma série de crianças natimortas ou que morram em baixa idade, a tradição é que reze, porque não se trata da vinda ao mundo de várias crianças, mas de diversas aparições do mesmo ser (para eles, maléfico) chamado àbíkú (nascido para morrer), que vem a terra por um breve momento e volta ao mundo dos mortos, Òrun (o céu), várias vezes.  
Ele passa assim seu tempo, a ir e voltar do céu para a terra sem jamais permanecer aqui por muito tempo, para grande desespero de seus pais, que desejam ter o filho vivo.
Encontramos informações a respeito dos àbíkú em vários itans de Ifá.  Esses itans mostram que os àbíkú formam sociedades chamadas Egbé Òrun Àbíkú, presididas por Ìyájansà (mãe que bate e corre) para os meninos e Olóìkó (chefe da reunião) para as meninas.
A primeira vez que os àbíkú vieram para a terra foi na cidade de Awàiyé, e lá se encontra a floresta sagrada dos àbíkú, onde os pais de àbíkú fazem oferendas para que eles fiquem na terra.  
Quando eles vem do céu para a terra, os àbíkú passam os limites do céu diante do guardião da porta, Oníbodé Òrun , seus companheiros vão com eles até o local onde se dizem até logo.  Os que partem declaram o tempo que vão ficar no mundo e o que farão. Prometem a seus companheiros que não ficarão ausentes durante muito tempo, essas crianças apesar de todo os esforços de seus pais, retornarão, para encontrar seus amigos no céu.
Os itans de ifá nos dizem que podem ser feitas oferendas capazes de reter na terra esses àbíkú e de lhes fazer esquecer suas promessas de volta, rompendo assim o ciclo de suas constantes idas e vindas entre o céu e a terra. 
As crianças àbíkú devem, no sétimo dia a partir do nascimento, se forem meninas, ou no nono dia, se forem meninos, e se for o caso de gêmeos, o dia será o oitavo, passar pelo ritual de Ìkómojáde, quando recebem um nome específico que desestimule sua volta ao Òrun.
Em um outro itan , fala-se dos Saworòs, anéis com guizos, usados nos tornozelos das crianças abikú,  para afastar os companheiros que tentam vir buscá-los na terra lembrando-lhes suas promessas. 
Seus companheiros não aceitam assim tão facilmente a falta de palavra dos àbíkú, retidos na terra pelas oferendas, encantamentos e talismãs preparados pelos pais.  Nem sempre essas precauções e oferendas são suficientes para reter as crianças àbíkú sobre a terra.   A Sociedades dos Àbíkú, muitas vezes não permite que essas oferendas tenham efeito, colocando tudo a perder.  Nesse caso, os àbíkú são atraídos à força para o céu.  Os corpos dos àbíkú que morrem assim, são freqüentemente mutilados.  A fim de que percam seus atrativos e seus companheiros no céu não queiram brincar com eles, maltratados desse modo, o espírito àbíkú perde o desejo de vir a terra. 
Até que a criança complete nove anos, sempre próximo à data do seu aniversário, determinadas oferendas são feitas e depois repetidas até que o àbíkú complete dezenove anos.  A criança deverá usar roupas, enfeites e cores específicas, seu nome deve ser mudado ou a ele acrescentado outro, de forma que aconselhe ou suplique que permaneçam na terra.  Guizos em quantidade devem ser presos a seus brinquedos, roupas, tornozelos e pulso, pois o som dos guizos faz bem ao àbíkú e afasta os amigos do Céu.  São usados banhos e chás, para pacificar a criança, e efún para acalmá-la.  Também são usadas misturas de ervas com a qual se protege a criança e se prepara um amuleto, que o àbíkú carregará por toda a vida.  O corpo da mãe também deve ser protegido e esfregado com folhas, para que ela não atraia uma nova criança àbíkú.
A freqüência com que se encontra, no país yorubá, nomes específicos àbíkú em adultos ou velhinhos que gozam de boa saúde, estes são chamados àbíkú Agba, mostra que muitos àbíkú ficam no mundo graças a todas essas precauções, a ação de Òrúnmìlà, e a intervenção dos Bàbáláwo.  
Quando um Babaláwo identifica o àbíkú em gestação, dá inicio à uma série de rituais para que a criança "fique" no Aiyé, e não retorne ao Òrun, caso contrário a criança "retornará precocemente". Ele, o àbíkú, será sempre merecedor de um trato especial quanto aos rituais, principalmente em casos de iniciação, onde, um Sacerdote despreparado poderá causar sua morte.
 
Não pode-se afirmar até que idade identificamos um àbíkú.  O que é necessário é que se identifique o mais precocemente possível, para que haja tempo de se precaver com os devidos rituais.  Senão Ikú cumprirá seu trabalho.  Mas, quando o fato da criança vir e voltar ao Òrun, repete-se constantemente, e é identificada uma nova gravidez, a família já toma providências de imediato. 
Existem 4 tipos de Àbíkú:
Àbíkú Inòn:  São àbíkú do fogo, extremamente violentos “comendo a cabeça de sua mãe ao nascer”. É um dos mais difíceis de ser tratados, geralmente apresentam uma depressão que quando não tratada se torna irreversível.
Àbíkú Omi:  Este é o àbíkú, que nasce de 6, 7 ou 8 meses de gestação , explodindo a bolsa d ‘agua de sua mãe.  Morre precocemente.  São mais ligados aos avós do que seus próprios pais, geralmente seu retorno se dá entre 3 e 5 anos , na maioria das vezes por afogamento, tuberculose, desidratação ou cólera. 
Àbíkú àiyé :  Este, segundo as tradições Yorubá é o àbíkú da terra, é o mais usado na comunicação entre os sacerdotes e parentes com os outros àbíkú ,que constantemente o chamam de volta.  Nasce, geralmente, por cesariana de emergência ou parto normal complicado.  São nervosos com tendências neuróticas.  Seu retorno se dá através de queda de alturas, doenças cúltaneas e órgãos digestivos ,entre os 4 e 8 anos.  
Abiku fééfé :   São àbíkú do vento com características especiais no seu meio de convívio, sempre se destaca em qualquer ambiente.  Seu nascimento é inesperado e não planejado.  É fácil de lidar e manter sua instabilidade emocional, aproveita bem as delicias da vida, e devido a sua relação com Èsù e Oyá pode ser salvo na hora de seu retorno.     
Itans de ifá falam que oferendas feitas com conhecimento de causa são capazes de reter no mundo esses àbíkú e de lhes fazer esquecer suas promessas de volta, rompendo assim o ciclo de suas idas e vindas constantes entre o céu e a terra, porque, uma vez que o tempo marcado para a volta já tenha passado, seus companheiros perdem o poder sobre eles.

Em país Yorubá, os pais, para proteger seus filhos àbíkú e tentar retê-los no mundo, podem se dedicar a certas práticas, tais como fazer pequenas incisões nas juntas da criança e ali esfregar atin (um pó feito com favas e ervas e rezas e magias) ou ainda amarrar à cintura da criança um ondè (talismã feito desse mesmo pó, colocado num saquinho de couro).
Nos dias de hoje, quando morre uma criança ainda muito nova, há muita possibilidade de ser um àbíkú que está voltando ao "céu", bem como persiste a probabilidade de voltar em um próximo filho, ainda na mesma geração ou na próxima; quando uma criança fica muito doente e corre risco de vida, pode averiguar na família se já houve caso de aborto ou morte prematura, isso é bem provável.
O aborto é uma situação que transcende a ingerência das pessoas, pois é algo ligado diretamente à interrupção da natureza, e consequentemente do Criador, esse ato pode escapar da lei dos homens, mas não à lei Divina. Este é o porque de nenhuma religião na terra apoiar ou permitir o aborto.

Trabalho de pesquisa a vários autores:
- Willian Bascon
- Wande Abimbola
- Vários sites sobre o assunto.



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