Pesquisar no blog

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

 

ÀSÈSÉ

 

 

O rito funerário denominado àsèsé, é o desfazer de laços e compromissos e a liberação das partes espirituais que constituíam a pessoa que morreu.  É uma cerimônia onde se faz a ruptura de todos os objetos sagrados com o morto.

O àsèsé é a última homenagem para o morto.  É nesse ritual que ao mesmo tempo que o morto é aceito entre os ancestrais que se foram antes dele, é feita a liberação do orí, pelo òrìsá, que retorna para o òrun.

 

Morrer é ir e voltar, dentro da ótica africana da realização da vida. Nascemos de novo porque é aqui que realizamos e plantamos o àse para que o planeta Terra tenha continuidade.

O corpo do morto volta à terra para ser transformado em matéria prima para novos seres humanos.

 

A morte é transitória, porque o termo morrer, não tem grande sentido, pois se tem a consciência que ela representa apenas um pulo de uma vida para outra, cujo mistério e segredos só Obàtálá é sabedor.

 

Nas mais diferentes culturas, a morte está contida na própria concepção da vida e ambas não se separam. Os Yorubá e outros grupos africanos que formaram a base cultural das religiões afro, acreditam que a vida e a morte alternam-se em ciclos, de tal modo que o morto volta ao mundo dos vivos, reencarnando em um membro da própria família.

 

Para os Yorubá, existe um mundo em que vivem os homens em contato com a natureza, o mundo dos vivos, que chamam de àiyé, e um mundo sobrenatural, onde estão os òrìsá, outras divindades e espíritos, e para onde vão os que morrem, mundo que chamam de òrun.  Quando alguém morre no àiyé, seu espírito, ou uma parte dele, vai para òrun, de onde pode retornar ao àiyé nascendo de novo, reencarnando.

 

Os espíritos dos mortos ilustres (reis, heróis, grandes sacerdotes, fundadores de cidades e de grandes linhagens) são cultuados e se manifestam nos festivais de egungun no corpo de sacerdotes mascarados, preparados para esse tipo de ritual.

Na concepção Yorubá, existe o corpo material, que eles chamam de ara, o qual com a morte decompõe-se e é reintegrado à natureza, mas, em contrapartida, a parte espiritual é formada de várias unidades, cada uma com existência própria.

As unidades principais da parte espiritual são:

- o sopro vital ou èmí;

- a personalidade-destino ou orí;

- a identidade sobrenatural ou identidade de origem que liga a pessoa à natureza, que é o òrìsá de cada um ;

- o espírito propriamente dito ou egun.

 

Cada parte precisa ser integrada no todo, que forma a pessoa durante a vida, tendo cada uma delas um destino diferente após a morte.

O èmí, sopro vital que vem de Olódùmarè, dado por Obàtálá e que está  representado pela respiração, abandona o corpo material na hora da morte, sendo reincorporado à massa coletiva que contém o princípio genérico e inesgotável da vida, força vital cósmica do deus-primordial, Olódùmarè.

O orí, que contém o destino escolhido no òrun antes de nascer, que aprendeu e evoluiu na vida, com a morte, acompanha o espírito para òrun, para que possa ser preparado para reencarnar, para uma nova vida.

O òrìsá é retirado após a morte, liberando o orí para voltar para òrun, acompanhando o espírito.

 

Com a morte, estes ritos são feitos, para liberar essas unidades espirituais, de modo que cada uma delas chegue ao destino certo, restituindo-se, assim, o equilíbrio rompido com a morte.

 

O rito fúnebre denominado àsèsé, tem como principais fins, desfazer o Igba Orí, desfazer os vínculos com o òrìsá pessoal para o qual foi iniciado, desfazer os vínculos com toda a comunidade da terra,  despachar o egun do morto, para que ele deixe o àiyé e vá para o òrun, livre para ser preparado para reencarnar.

 

 

 

 

Trabalho por :  

 Obàaláse Oluwo Willer Almeida 

Erelú Iyá Òsún Fatima Gilvaz

 

Referências bibliográficas:

T'Ogun,  Altair B. Oliveira.  Àsèsé O reinicio da vida

BABAYEMI, S. O. Egungun among the Oyo Yoruba. Ibadan, Oyo State Council for Arts and Culture, 1980.

PRANDI, Reginaldo. Os candomblés de São Paulo: a velha magia na metrópole nova. São Paulo, Hucitec e Edusp, 1991.

Herdeiras do axé: sociologia das religiões afro-brasileiras. São Paulo, Hucitec, 1996

SANTOS, Juana Elbein dos. Os nàgó e a morte. Petrópolis, Vozes, 1976.

SANTOS, Maria Stella de Azevedo. Meu tempo é agora. São Paulo, Odudwa, 1993.

www.sandraepega.com.br/artigos/rituais/ajeje.htm

 

Visite o nosso SITE:  www.efunlase.com

Visite os Blog's :  ifaorixaefunlase.blogspot.com

                               mestreraiodesol.blogspot.com

                               ifismo.blogspot.com.br

 

Contato : Brasil (21) 99713-3777  (WhatsApp)

                            (21) 99958-7230  (WhatsApp)

 

                 E.U.A. 0021 1 305 998-9214  (WhatsApp)

                               0021 1 786 303-0674  (WhatsApp)