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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

ONILÉ

Os antigos povos que deram origem aos atuais Yorubás, cultuavam uma entidade da Terra, a Terra-Mãe, que recebeu muitas denominações em diferentes aldeias e cidades que formam o complexo cultural Yorubá. Esta antiga divindade é até hoje cultuada e recebe o nome de Onilé, a Dona da Terra, a Senhora do planeta em que vivemos. Outros nomes da Terra-Mãe são: Aiê, Ilé, Ialé, entre outros.
Onilé é uma divindade feminina relacionada aos aspectos essenciais da natureza, e originalmente exercia seu patronato sobre tudo que se relaciona à apropriação da natureza pelo homem, o que inclui a agricultura, a caça e a pesca e a própria fertilidade. Com as transformações da sociedade Yorubá, em uma sociedade patriarcal, implicou a constituição de linhagens e clãs familiares fundados e chefiados por antepassados masculinos, com isso as mulheres perderam o antigo poder que tiveram numa primeira etapa (um mito relata que, numa disputa entre Oyá e Ogum, os homens teriam arrebatado o poder que era antes de domínio das mulheres).
Os antepassados divinizados tomaram o lugar das divindades primordiais e houve uma redivisão de trabalho entre os orisá.  As divindades femininas tiveram então seu culto reorganizado.  Vários orixás tiveram dividido entre si as atribuições de zelar pela Terra.  A fertilidade das mulheres foi o atributo que restou às divindades femininas, já que é a mulher que pári, que reproduz e dá continuidade à vida. Constituiriam-se elas  em orisá dos rios, representando a própria água, que fertiliza a terra e permite a vida, são as Iyabás:  Yemonjá, Ósún, Obá, Oyá, Ewá, e Nanã, que como antiga divindade da terra, representa a lama do fundo do rio, simbolizando a fertilização da terra pela água.

Onilé teve seu culto preservado na África, mas perdendo muitas das antigas atribuições. Hoje ela representa nossa ligação elemental com o planeta em que vivemos, nossa origem primal.  É a base de sustenção da vida, é o nosso mundo material. Embora sua importância seja crucial do ponto de vista da concepção religiosa.

Na Nigéria mantém-se viva a idéia de que Onilé é a base de toda a vida, tanto que, quando se faz um juramento, jura-se por Onilé.  Nessas ocasiões, é ainda costume pôr na boca alguns grãos de terra, às vezes dissolvida na água que se bebe para selar a jura, para lembrar que tudo começa com Onilé, a Terra-Mãe, tanto na vida como na morte.
Na África Yorubá, Onilé ocupa lugar central no culto da Sociedade Secreta Ogboni.

Louvar Onilé é celebrar as origens. Por isso, quando aparecem junto aos humanos, os antepassados egunguns saúdam Onilé, lembrando-nos que ela é anterior a tudo o mais, mesmo às linhagens  mais antigas da humanidade.
(Abimbola, 1977: 111).

Além de animais, dá-se para Onilé tudo o que a terra produz e que o homem transforma: obis, orogbôs e todas as frutas, inhame e outros tubérculos, feijões, grãos, favas,  dendê, vinho e tudo mais que vem da terra pela mão do homem.

Onilé, (a Terra) tem muitos inimigos que a exploram e podem destruí-la. Para muitos seguidores da religião dos orisá, interessados em recuperar a relação orisá-natureza, o culto de Onilé representaria, assim, a preocupação com a preservação da própria humanidade e de tudo que há no mundo. Pois é Onilé quem guarda o planeta e tudo que há sobre ele, protegendo o mundo em que vivemos e possibilitando a própria vida de tudo e todos.

A humanidade não sobreviveria sem Onilé.  Afinal, onde fica cada uma das riquezas que Ólodùmarè partilhara com os orisá ?

Tudo está na terra, disse Ólodùmarè.  O mar, os rios, o ferro, o ouro, os animais, as plantas, tudo.   Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris, tudo existe porque a terra existe, assim como as coisas criadas para controlar os homens e os outros seres vivos que habitam o planeta, como a vida, a saúde, as doenças e mesmo a morte.

Onilé, a dona da terra, é o orisá que representa nosso planeta como um todo, o mundo em que vivemos.  O mito de Onilé pode ser encontrado em vários poemas de Ifá.

-(Trabalho de pesquisa a vários autores e sacerdotes).


O CÂNTIGO DA TERRA
(Cora Coralina)

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda a vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste e o pão de tua casa.

E um dia bem distante a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho, do gado e da tulha.

Fartura teremos e donos de sítios felizes seremos.

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