Ancestralidade
Culto aos Antepassados -
os Egúngún
Os Yorubá, assim
como os demais povos africanos, crêem na existência ativa dos antepassados. Para eles a morte não representa simplesmente o
fim da vida humana, mas a vida terrestre que se prolonga em direção à vida além-túmulo,
em algum dos nove espaços do òrun (céu), no domínio dos seres desprovidos do
èmì (O sopro da vida). Assim, a morte
não representa uma extinção, mas a mudança para uma outra fase.
A morte é
denominada Ìkú, e trata-se de uma divindade masculino. Ìkú
(a morte), é visto como um agente criado pôr Olódùmarè para remover as
pessoas cujo tempo no àiyé (terra), tenha terminado. Sua lógica é para as pessoas mais velhas, que
devem viver até uma idade avançada. Pôr
isso , quando uma pessoa jovem morre, o fato é considerado tragédia; pôr outro lado, a morte de uma pessoa idosa é
motivo para se alegrar.
Para os Yorubá, existe um
mundo em que vivem os homens em contato com a natureza, o nosso mundo, dos
vivos, que eles chamam de àiyé (terra) e um mundo sobrenatural, onde estão os òrìsà,
outras divindades e espíritos, e para onde vão os que morrem, mundo que eles chamam
de òrun (céu). Quando alguém morre no
àiyé, seu espírito, ou uma parte dele, vai para o òrun, e de onde pode retornar
ao àiyé, nascendo de novo, reencarnando. Os espíritos retornam à vida, na
comunidade familiar tão logo possam. Os
espíritos dos mortos ilustres (reis, heróis, grandes sacerdotes, fundadores de
cidades e de linhagens nobres) são cultuados e se manifestam nos festivais de
Egúngún no corpo de sacerdotes mascarados, quando transitam entre os humanos,
julgando suas faltas e resolvendo as contendas e pendências de interesse da
comunidade. A família é o suporte fundamental, e guardiã
das regras necessárias para a conduta individual e coletiva, a espiritualidade
impregna a comunidade, o homem, as coisas, a natureza, e é um código cuja a
aplicação é zelada pelos Àgbà (anciões), que desempenham papel de biblioteca
viva no sentido de sabedoria ancestral, toda esta ordem da vida comunitária é
regulada e mantida também através dos Egúngún que nestes casos atuam como
fiscalizadores da família e do bom andamento da vida.
O encaminhamento
do espírito, depois dos rituais realizados, corresponde a passar de volta pelo
portão de Oníbodè (porteiro do céu) em direção a Olódùmarè, para receber o
julgamento de seus atos na terra. De acordo com o òrun ao qual foi destinado,
continuará a exercer suas funções familiares, agora de modo mais poderoso sobre
seus descendentes que a ele continuam a se referir como bàbá mi (meu pai), ou
ìyámi (minha mãe).
Ao seguirem para
o òrun, os ancestrais são libertos de todas as restrições impostas pela
terra; dessa forma, adquirem
potencialidades que podem ser usadas para beneficiar seus familiares que ainda
estão na terra. Pôr essa razão, é necessário mantê-los num estado de paz e
contentamento.
Quando dissemos que existe um culto ao ancestral, queremos dizer que uma manifestação de relacionamento familiar indestrutível entre o membro da família que partiu e seus descendentes que aqui ficaram.
Quando dissemos que existe um culto ao ancestral, queremos dizer que uma manifestação de relacionamento familiar indestrutível entre o membro da família que partiu e seus descendentes que aqui ficaram.
O Òrun (céu) é
dividido em espaços para acomodar todos os tipos de espíritos. São em número de
nove, segundo as tradições Yorubá:
Òrun Alàáfià: Espaço de muita paz e tranqüilidade,
reservado para pessoas de gênio brando, ou índole pacífica, bondosa, pacata.
Òrun Funfun: Espaço do branco e da pureza,
reservado para os inocentes, sinceros, que tenha pureza de sentimento, pureza
de intenções.
Òrun Bàbá Eni: Espaço reservado para os grandes
Sacerdotes e Sacerdotisas.
Òrun Aféfé:
Espaço da aragem, reservado para as oportunidades e correção para os espíritos,
possibilidades de reencarnação, volta ao àiyé.
Òrun Ìsòlú ou Àsàlú: Espaço reservado para o julgamento por Olòdùmarè para decidir qual dos respectivos òrun
o espírito será direcionado.
Òrun Àpáàdì:
Espaço reservado para o lixo celestial, das coisas quebradas, para os espíritos impossíveis de serem reparados e
restituídos à vida terrestre.
Òrun Rere: Espaço reservado para aqueles que
foram bons durante a vida.
Orun Burúkú: Espaço ruim, quente como pimenta", reservado
para as pessoas más.
Òrun Mare: Espaço reservado para aqueles que
permanecem, tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na terra e são
incomparáveis e absolutamente perfeitos, os supremos em qualidades e feitos,
reservado a Olódùmarè, todos os Òrìsà e
divinizados.
Os mortos são
encaminhados a um desses espaços após o fator decisivo do julgamento divino. O juízo final fica a cargo de Olòdùmarè,
decidindo quais são os bons e quais são os maus, e os encaminham para o
respectivo òrun. O julgamento é baseado
nos atos praticados na terra e devidamente registrados no Orí inú, que retorna
para Olódùmarè.
Somente quando se
é absolvido pôr Olódùmarè é que se tem a oportunidade de reunir-se com seus
ancestrais, podendo-se reencarnar e nascer dentro da mesma família.
Se alguém, porém,
é condenado, vai para o Òrun Àpáàdi, onde irá sofrer com os maus. E quando finalmente for libertado, não terá a oportunidade
de viver uma vida normal, será condenado a errar, pôr lugares solitários.
Através do culto aos
ancestrais, os Egúngún, é reconstruída a origem, etnia e memória. Essa memória, enraizada na herança africana, cresce
com força total, a ancestralidade mítica e histórica, marca a existência de uma
forte comunidade. É na memória e no culto aos antepassados que essa
comunidade se afirma. O místico e o
sagrado manifestam-se através de um complexo sistema
filosófico e simbólico que se expressam através de uma rica liturgia. Neles se continua e se renova o culto
das entidades sagradas, a tradição dos òrìsà e dos ancestrais
ilustres, Egúngún.
Além da Sociedade Gèlèdè
, existe também na Nigéria a Sociedade Orò.
Orò é uma divindade considerado o representante geral dos
antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámí quanto Orò
são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a
coletividade. Outra forma de culto aos
ancestrais masculinos é através da "Sociedade
Egúngún". Esta têm como finalidade
celebrar ritos a homens que foram figuras destacadas em sua sociedade ou
comunidade quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus
descendentes de forma privilegiada.
Egúngún é a materialização
da morte sob tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas
tiras, é prejudicial.
Em sua comunicação com os
seus familiares ele usa uma voz forte e grossa,
denominada de séègì, não podemos esquecer que a palavra é a memória viva
na África, afinal a tradição oral é a grande escola da vida , é através dela
que os Egúngún se comunicam com seus descendentes, e transmitem seus
ensinamentos, pois quando morre um ancião, é como se uma grande escola se
perdesse.
A aparição dos Egúngún é
cercada de total mistério. O Egúngún
simplesmente surge causando impacto visual e usando a surpresa como rito.
Trabalho de pesquisa a vários
autores:
- Willian Bascon
- Wande Abimbola
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