OSETURÁ
Olódùmaré enviou os dezesseis Odù, para que eles fertilizassem e estabelecessem a terra, colocando em prática os ensinamentos recebidos do Criador e transmitidos por Òrúnmìlá. Com esses ensinamentos, os Odù tiveram a missão de instalar os pilares de fundação que sustentariam a terra.
Quando chegaram, tiveram que estabelecer primeiramente a floresta (igbó), abrindo nela uma clareira que seria consagrada a Òró, o Igbo-òró, local de adoração na floresta. Sem Òró nada é feito.
A segunda clareira seria para Egun, o Igbó-egun, onde séria cultuado, Egungun e toda a ancestralidade.
A terceira clareira seria para Odù-ifá, o Igbó-ifá, onde todos os Odù seriam cultuados.
A quarta clareira seria para os Òrìsà, o Igbó-Òrìsà, local de adoração e oferendas aos Òrìsà.
Olódùmaré ensinou também aos Odù como estabelecer os locais de assentamento e adoração, os Ojúbo, e como deveriam ser feitas as oferendas, para que não houvesse mortes prematuras, esterilidade, perdas, miséria, doenças, enfim, para que nada de mal ou destrutivo se abatesse sobre a terra.
Òrúnmìlá é o intermediador entre Olódùmaré e os dezesseis Odù, com sua inteligência e sabedoria, orientava todas as tarefas de formação da terra.
Depois de algum tempo, tudo caminhava bem. Se houvesse uma mulher estéril, Òrúnmìlá consultava o oráculo Ifá para que indicasse um ebó, e a mulher se tornava fértil.
Os Odù seguiam tudo o que se era ordenado e orientado. Mas em nenhum momento, as oferendas e ebó que eram realizados, nenhuma reunião ou encontro, foi compartilhado com o poder feminino, representado por Iyami. Esse desrespeito e pouco caso dos Odù, trariam sérios problemas.
A indignação de Iyami foi extremamente profunda e contundente. Ela lançou sobre tudo e todos a sua ira, o seu àse negativo, fazendo com que todos os objetivos e propósitos se tornassem contrários. Quando os Odù indicavam que fossem levadas as oferendas e sacrifícios, com o àse negativo que fora lançado, tudo se tornava inútil.
Se os pedidos encaminhados eram para alguém não morrer, a pessoa morria. Se o pedido solicitava a morte de alguém, este alguém sobrevivia. Se era para a mãe parir um filho, ela se tornava estéril. A vingança de Iyami estava instalada.
Tudo que ocorria ultrapassava a compreensão e capacidade de solução dos Odù. Eles já tinham usado todo o conhecimento e não conseguiam reverter a situação. Resolveram então reunir-se no “igbó” e por meio do Opele e dos ikin consultar o oráculo Ifá . Contudo, as caídas dos ikin e do opele negaram-se a responder qualquer coisa sobre o problema.
Preocupados, os Odù, seguiram para Òrun (céu) para encontrarem-se com Òrúnmìlá, este tomou consciência da situação, e foi ao encontro de Olódùmaré.
Olódùmaré diz que devido à desobediência e mau comportamento dos Odù, ele não poderia interferir, e recomendava que os Odù voltassem à terra e pedissem desculpas à Iyami, e implorassem seu perdão.
Òrúnmìlá voltou e falou para os Odù que eles deveriam tentar obter o perdão de Iyami. Deveriam reverenciá-la e convidá-la a participar dos encontros, ebós, oferendas e reuniões.
Os Odù obedeceram, mais não obtiveram êxito. Iyami, inflexível, não aceitava pedido algum de desculpas, os Odù tentavam de tudo para reverter a dura posição da representante do poder ancestral feminino. Ela continuava magoada e com o seu orgulho ferido, apesar de todas as súplicas de desculpas dos Odù.
Após sete dias, Iyami disse que se os Odù com seus àse conseguissem fazê-la engravidar e parir um ser masculino, a situação estaria contornada, todavia teriam que aceitar este ser em todas as reuniões, ebós e oferendas.
Ele seria um representante de Iyami, entre os Odù. Mas se o ser que ela parisse fosse feminino, aí tudo estaria perdido, pois ela jamais perdoaria os Odù, espalhando ainda mais o seu àse negativo sobre tudo e todos, pondo fim na terra.
Sem outra escolha os Odù aceitaram o desafio e pediram ajuda a Òrúnmìlá e aos Òrìsà que também deveriam lançar seus àse propiciatórios para que a criança fosse um menino. Todos lançavam sobre a cabeça de Iyami todos os àse, diariamente. Chegou então o grande dia e a criança nasceu. Todos queriam saber o sexo, mas Iyami não permitiu, disse que só depois de nove dias o sexo seria revelado e a criança seria apresentada. Após os nove dias, Iyami mostrou o filho a todos e para a felicidade geral, era um menino. O filho varão foi colocado nas mãos de Obàtálá, que assim que viu o menino, gritou, Muso! (viva). Todos os Òrìsà e todos os Odù seguraram o menino. Alguém entre eles questionou: qual nome receberá a criança?
Obàtálá falou que tinham sido os Òrìsà que conseguiram com seu àse, que a criança fosse menino, então o pequeno deveria chamar-se Àse-twa (o poder, ele nos trouxe). Houve contestação de todos os Odù, pois estes clamavam a si a principal parcela de sucesso na tarefa de lançar os àse, que conseguiram fazer a criança ser menino. Resolveram levar o menino para que fosse consultado Ifá. Assim ficaria definido qual Odù seria responsável pelo destino do menino.
Òrúnmìlá revela então que o menino deveria chamar-se Osetura, pois tinham sido os Odù Ose e Oturá que tinham propiciado caminhos para que aquele ser vivesse a Terra.
Após a sagração do menino ao grupo dos dezesseis Odù, este grupo passou a ter dezessete integrantes.
A partir de então, tudo se estabilizou na terra, os pedidos passaram a ser atendidos. Se uma mulher estéril queria um filho, um filho, ela teria.
Enquanto isso Iyami, satisfeita, orgulhando-se do filho varão, resolveu chamá-lo de Akín-Oso (o guerreiro dotado de grande poder natural).
Os Odù também passaram a chamá-lo de Akín Oso. Em todas as reuniões, decisões, trabalhos, ebó e oferendas, os Odù tinham que levar o menino, que agora fazia parte do grupo. Ele era a décima-sétima figura.
Apesar de imposto ao grupo dos 16 Odù, eles não o aceitavam completamente. Mas eram obrigados, pelo pacto feito, a conviver com Osetura.
Mais uma vez, a auto-confiança e até uma certa rebeldia dos Odù, como na época que ignoraram Iyami, fez os Odu se comportarem da mesma forma em relação a Oseturá.
A situação voltou a ficar incontrolável. Uma grande seca se abateu sobre a terra. A seca tudo destruía. Os animais morriam, as folhas secavam, os rios desapareciam, e até o orvalho desaparecera. Não chovia há três anos.
Os Odù apavorados consultaram Òrúnmìlá e receberam a orientação de que um grande Ebó deveria ser feito e oferecido a Olódùmaré, para que este tivesse misericórdia da terra. Este ebó era constituído de vários animais, pássaros, frutas e comidas, ovos, 16 panos crus, folhas de ifá e 16 quartinhas com epo.
Quando a oferenda ficou pronta, o Odù Ogbè foi o primeiro a tentar levar o ebó do Àiyé para o Òrun e não conseguiu. No dia seguinte, Odù Òyèkú tentou e não obteve êxito. Depois, Iwori, Odí, Ìrosùn e assim até o décimo-sexto, Òfún, e todos fracassaram.
As portas do Òrun (céu) não se abriram para nenhum deles. Decidiram então que a décima-sétima figura, Osetura, deveria tentar. Falaram com ele, mas ele, astutamente, a princípio, recusou e disse que não estava bem naquele momento. Sozinho, Akín-Oso (Oseturá) foi ao igbó consultar Ifá para tentar saber de Orunmilá como proceder. Obteve a orientação de que deveria fazer um ebó antes de levar a grande oferenda. Foi orientado também que no caminho surgiria uma anciã e que esta deveria ser bem tratada.
Òrúnmìlá disse também que se Osetura obtivesse êxito, gozaria de prestígio e respeito para sempre entre os Odù e todos na terra. Osetura preparou-se para fazer seu ebó e no caminho encontrou a referida anciã. Ela dirigiu-se a ele e disse: Akín-Oso, onde você vai ? Ouvi rumores sobre as tentativas dos Odù de levar o grande ebó para Olódùmaré. Você tem alguma coisa para me dar ? Oseturá deu-lhe alguns búzios. Agradecida ela falou que há três dias não tinha nada para comer.
Ela perguntou: Você tomou alimentos hoje? A resposta foi positiva e ela disse: Não tente hoje. Faça jejum e tente amanhã. Despediram-se e Osetura não percebeu que aquela anciã era a própria Iyami, sua mãe, disfarçada naquela velha anciã.
Ao encontrar os Odù, ele omitiu o procedimento que iria utilizar, somente dizendo que sua tentativa seria feita no dia seguinte. Chegando ao local das oferendas, no Ojubó ebó, em completo jejum, ele encontra Esu e assim que começa a colocar o grande ebó, ele é sugado com a oferenda e rompe do Àiyé (terra) para o Òrun (céu) . As portas do Céu se abriram.
Ao encontrar Osetura, Olódùmaré perguntou-lhe: Você viu quando choveu pela última vez na terra? O mundo não foi destruído? O que ainda existe? Osetura não conseguia falar. Olódùmaré percebendo, apanhou um àse mágico, valioso do Òrun e de fundamental importância na Terra.
Esse àse eram bastões energéticos, de chuva. A ordem era para que Oseturá voltasse para a Terra, de posse dos bastões. E assim, ele fez. Quando ele chegou, os bastões encantados foram lançados, e repletos de àse, imediatamente se transformavam em chuva, salvando a Terra. Ouvia-se ao longe trovões e via-se os raios anunciando a chegada da chuva enviada por Olódùmaré e trazida por Oseturá, aquele que tinha sido o carregador, o transportador do grande ebó. Quando Oseturá chegou a Terra, viu as plantações brotando, florescendo, o verde voltara.
Além dos dezesseis Odù, todos saudavam e aclamavam Oseturá. Os homens se curvavam perante ele. Oseturá foi coberto de presentes, todos queriam que ele fosse o portador de suas oferendas, pois ele foi o único que obteve êxito ao levar o ebó para Olódùmaré, quando todos falharam. Desde então, ele ganhou também o título de Ojisé ebó, o transportador de ebó
Então, Òrúnmìlá determinou que nenhum Odù ou Òrisá, aceitaria qualquer oferenda, sem que antes, Osetura tivese sido agradado, lembrado e respeitado, e este, por sua vez, repartiria tudo o que recebesse com Esu.
Trabalho de pesquisa:
Adaptado por Erelú Iyá Òsún Funké, Iyanifá Fun Mi Lolá
(Fatima Gilvaz)
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MA RA VI LHO SO.
ResponderExcluirMO JUBA IYA MI OSUN FUNKÈ.
EPA ODÙ. EPA ÒRÌSÀ.
Ki Gba Ase ! Epa Odú !!!
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