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terça-feira, 24 de maio de 2016

OSETURÁ


Olódùmaré enviou os dezesseis Odù, para que eles fertilizassem e estabelecessem a terra, colocando em prática os ensinamentos recebidos do Criador e transmitidos por Òrúnmìlá.  Com esses ensinamentos, os Odù tiveram a missão de instalar os pilares de fundação que sustentariam a terra.

Quando chegaram, tiveram que estabelecer primeiramente a floresta (igbó), abrindo nela uma clareira que seria consagrada a Òró, o Igbo-òró, local de adoração na floresta. Sem Òró nada é feito.

A segunda clareira seria para Egun, o Igbó-egun, onde séria cultuado, Egungun e toda a ancestralidade.

A terceira clareira seria para Odù-ifá, o Igbó-ifá, onde todos os Odù seriam cultuados.

A quarta clareira seria para os Òrìsà, o Igbó-Òrìsà, local de adoração e oferendas aos Òrìsà.

Olódùmaré ensinou também aos Odù como estabelecer os locais de assentamento e adoração, os Ojúbo, e como deveriam ser feitas as oferendas, para que não houvesse mortes prematuras, esterilidade, perdas, miséria, doenças, enfim, para que nada de mal ou destrutivo se abatesse sobre a terra.

Òrúnmìlá é o intermediador entre Olódùmaré e os dezesseis Odù, com sua inteligência e sabedoria, orientava todas as tarefas de formação da terra.

Depois de algum tempo, tudo caminhava bem.  Se houvesse uma mulher estéril, Òrúnmìlá consultava o oráculo Ifá para que indicasse um ebó, e a mulher se tornava fértil. 
Os Odù seguiam tudo o que se era ordenado e orientado.  Mas em nenhum momento, as oferendas e ebó que eram realizados, nenhuma reunião ou encontro, foi compartilhado com o poder feminino, representado por Iyami.  Esse desrespeito e pouco caso dos Odù, trariam sérios problemas.

A indignação de Iyami foi extremamente profunda e contundente. Ela lançou sobre tudo e todos a sua ira, o seu àse negativo, fazendo com que todos os objetivos e propósitos se tornassem contrários.  Quando os Odù indicavam que fossem levadas as oferendas e sacrifícios, com o àse negativo que fora lançado, tudo se tornava inútil.
Se os pedidos encaminhados eram para alguém não morrer, a pessoa morria. Se o pedido solicitava a morte de alguém, este alguém sobrevivia.  Se era para a mãe parir um filho, ela se tornava estéril. A vingança de Iyami estava instalada.

Tudo que ocorria ultrapassava a compreensão e capacidade de solução dos Odù. Eles já tinham usado todo o conhecimento e não conseguiam reverter a situação. Resolveram então reunir-se no “igbó” e por meio do Opele e dos ikin consultar o oráculo Ifá .  Contudo, as caídas dos ikin e do opele negaram-se a responder qualquer coisa sobre o problema.
Preocupados, os Odù, seguiram para Òrun (céu) para encontrarem-se com Òrúnmìlá, este tomou consciência da situação, e foi ao encontro de Olódùmaré.
Olódùmaré diz que devido à desobediência e mau comportamento dos Odù,  ele não poderia interferir, e recomendava que os Odù voltassem à terra e pedissem desculpas à Iyami, e implorassem seu perdão.

Òrúnmìlá voltou e falou para os Odù que eles deveriam tentar obter o perdão de Iyami.  Deveriam reverenciá-la e convidá-la a participar dos encontros, ebós, oferendas e reuniões.  
Os Odù obedeceram, mais não obtiveram êxito.  Iyami, inflexível, não aceitava pedido algum de desculpas, os Odù tentavam de tudo para reverter a dura posição da representante do poder ancestral feminino.  Ela continuava magoada e com o seu orgulho ferido, apesar de todas as súplicas de desculpas dos Odù.

Após sete dias, Iyami disse que se os Odù com seus àse conseguissem fazê-la engravidar e parir um ser masculino, a situação estaria contornada, todavia teriam que aceitar este ser em todas as reuniões, ebós e oferendas.
Ele seria um representante de Iyami, entre os Odù.  Mas se o ser que ela parisse fosse feminino, aí tudo estaria perdido, pois ela jamais perdoaria os Odù, espalhando ainda mais o seu àse negativo sobre tudo e todos, pondo fim na terra.  

Sem outra escolha os Odù aceitaram o desafio e pediram ajuda a Òrúnmìlá e aos Òrìsà que também deveriam lançar seus àse propiciatórios para que a criança fosse um menino. Todos lançavam sobre a cabeça de Iyami todos os àse, diariamente.  Chegou então o grande dia e a criança nasceu. Todos queriam saber o sexo, mas Iyami não permitiu, disse que só depois de nove dias o sexo seria revelado e a criança seria apresentada.  Após os nove dias, Iyami mostrou o filho a todos e para a felicidade geral, era um menino.  O filho varão foi colocado nas mãos de Obàtálá, que assim que viu o menino, gritou, Muso! (viva).  Todos os Òrìsà e todos os Odù seguraram o menino.  Alguém entre eles questionou: qual nome receberá a criança?

Obàtálá falou que tinham sido os Òrìsà que conseguiram com seu àse, que a criança fosse menino, então o pequeno deveria chamar-se Àse-twa (o poder, ele nos trouxe).  Houve contestação de todos os Odù, pois estes clamavam a si a principal parcela de sucesso na tarefa de lançar os àse, que conseguiram fazer a criança ser menino. Resolveram levar o menino para que fosse consultado Ifá.  Assim ficaria definido qual Odù seria responsável pelo destino do menino.

Òrúnmìlá revela então que o menino deveria chamar-se Osetura, pois tinham sido os Odù Ose e Oturá que tinham propiciado caminhos para que aquele ser vivesse a Terra.  
Após a sagração do menino ao grupo dos dezesseis Odù, este grupo passou a ter dezessete integrantes.
A partir de então, tudo se estabilizou na terra, os pedidos passaram a ser atendidos.  Se uma mulher estéril queria um filho, um filho, ela teria.

Enquanto isso Iyami, satisfeita, orgulhando-se do filho varão, resolveu chamá-lo de Akín-Oso (o guerreiro dotado de grande poder natural).
Os Odù também passaram a chamá-lo de Akín Oso.  Em todas as reuniões, decisões, trabalhos, ebó e oferendas, os Odù tinham que levar o menino, que agora fazia parte do grupo.  Ele era a décima-sétima figura.
Apesar de imposto ao grupo dos 16 Odù, eles não o aceitavam completamente. Mas eram obrigados, pelo pacto feito, a conviver com Osetura.  

Mais uma vez, a auto-confiança e até uma certa rebeldia dos Odù, como na época que ignoraram Iyami, fez os Odu se comportarem da mesma forma em relação a Oseturá.

A situação voltou a ficar incontrolável. Uma grande seca se abateu sobre a terra.  A seca tudo destruía. Os animais morriam, as folhas secavam, os rios desapareciam, e até o orvalho desaparecera.  Não chovia há três anos.

Os Odù apavorados consultaram Òrúnmìlá e receberam a orientação de que um grande Ebó deveria ser feito e oferecido a Olódùmaré, para que este tivesse misericórdia da terra. Este ebó era constituído de vários animais, pássaros, frutas e comidas, ovos, 16 panos crus, folhas de ifá e 16 quartinhas com epo.

Quando a oferenda ficou pronta, o Odù Ogbè foi o primeiro a tentar levar o ebó do Àiyé para o Òrun e não conseguiu. No dia seguinte, Odù Òyèkú tentou e não obteve êxito. Depois, Iwori, Odí, Ìrosùn e assim até o décimo-sexto, Òfún, e todos fracassaram.

As portas do Òrun (céu) não se abriram para nenhum deles.  Decidiram então que a décima-sétima figura, Osetura, deveria tentar.  Falaram com ele, mas ele, astutamente, a princípio, recusou e disse que não estava bem naquele momento. Sozinho, Akín-Oso (Oseturá) foi ao igbó consultar Ifá para tentar saber de Orunmilá como proceder. Obteve a orientação de que deveria fazer um ebó antes de levar a grande oferenda.  Foi orientado também que no caminho surgiria uma anciã e que esta deveria ser bem tratada.

Òrúnmìlá disse também que se Osetura obtivesse êxito, gozaria de prestígio e respeito para sempre entre os Odù e todos na terra.  Osetura preparou-se para fazer seu ebó e no caminho encontrou a referida anciã.  Ela dirigiu-se a ele e disse: Akín-Oso, onde você vai ?  Ouvi rumores sobre as tentativas dos Odù de levar o grande ebó para Olódùmaré.  Você tem alguma coisa para me dar ?  Oseturá deu-lhe alguns búzios.  Agradecida ela falou que há três dias não tinha nada para comer.

Ela perguntou: Você tomou alimentos hoje?  A resposta foi positiva e ela disse: Não tente hoje.  Faça jejum e tente amanhã.  Despediram-se e Osetura não percebeu que aquela anciã era a própria Iyami, sua mãe,  disfarçada naquela velha anciã.
Ao encontrar os Odù, ele omitiu o procedimento que iria utilizar, somente dizendo que sua tentativa seria feita no dia seguinte. Chegando ao local das oferendas, no Ojubó ebó, em completo jejum, ele encontra Esu e assim que começa a colocar o grande ebó, ele é sugado com a oferenda e rompe do Àiyé (terra) para o Òrun (céu) .   As portas do Céu se abriram.

Ao encontrar Osetura, Olódùmaré perguntou-lhe:  Você viu quando choveu pela última vez na terra?  O mundo não foi destruído? O que ainda existe? Osetura não conseguia falar. Olódùmaré percebendo, apanhou um àse mágico, valioso do Òrun e de fundamental importância na Terra.
Esse àse eram bastões energéticos, de chuva.  A ordem era para que Oseturá voltasse para a Terra, de posse dos bastões.  E assim, ele fez.  Quando ele chegou, os bastões encantados foram lançados, e repletos de àse,  imediatamente se transformavam em chuva, salvando a Terra. Ouvia-se ao longe trovões e via-se os raios anunciando a chegada da chuva enviada por Olódùmaré e trazida por Oseturá, aquele que tinha sido o carregador, o transportador do grande ebó.  Quando Oseturá chegou a Terra, viu as plantações brotando, florescendo, o verde voltara.

Além dos dezesseis Odù, todos saudavam e aclamavam Oseturá.  Os homens se curvavam perante ele.  Oseturá foi coberto de presentes, todos queriam que ele fosse o portador de suas oferendas, pois ele foi o único que obteve êxito ao levar o ebó para Olódùmaré, quando todos falharam.  Desde então, ele ganhou também o título de Ojisé ebó, o transportador de ebó

Então, Òrúnmìlá determinou que nenhum Odù ou Òrisá, aceitaria qualquer oferenda, sem que antes, Osetura tivese sido agradado, lembrado e respeitado, e este, por sua vez, repartiria tudo o que recebesse com Esu.

 

 

 

 

Trabalho de pesquisa:

Adaptado por Erelú Iyá Òsún Funké, Iyanifá Fun Mi Lolá

(Fatima Gilvaz)

- Vários sites sobre o assunto
- Instituto Ègbé Obá Ómí


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quinta-feira, 5 de maio de 2016

ÒRÌSÀ

 

Òrìsà são forças criadas por Olódùmarè para nos auxiliar nessa terra.  São criações tão perfeitas que se acoplam à natureza de forma que sejam um só.

Eles sabem exatamente tudo o que precisamos, o que queremos e a hora certa em que tudo deve acontecer.  Suas previsões são tão exatas e precisas como tudo na natureza.
Eles se encontram em tudo, absolutamente em tudo o que somos, fazemos, o que queremos e o que almejamos.

Quando nos afastamos dessas energias, sentimos o peso desse mundo denso em que vivemos, com todas as cargas negativas e positivas misturadas num rodemoinho sem fim, onde ficamos perdidos e sem rumo.
Estar em conexão com essas forças emanadas por Olódùmarè (Deus), é estar em plena harmonia com nosso espírito e assim, equilibrados, estaremos em harmonia com a natureza.

É nos Òrìsà que encontramos forças para enfrentarmos o nosso dia a dia, cada insegurança, cada dúvida, cada dificuldade, conflitos, nossos negativos e as forças negativas existentes no meio em que vivemos, mas encontramos também o equilíbrio e a forma correta para recebermos o positivo, a alegria, as realizações, as conquistas e o amor emanado por Deus (Olódùmarè).

Nós temos por hábito reclamarmos de tudo o que temos e vemos a nossa volta.  Mas precisamos mudar e começarmos a observar o que temos de bom. Precisamos agradecer as conquistas, ao invés de falarmos das dificuldades que tivemos para obtê-las, agradecer nossa mesa farta, sem reclamarmos do cansaço do trabalho.  Precisamos aprender a agradecer cada alimento que chega a nossa mesa, cada conquista, cada dia de vida e saúde, cada vez que dormimos e acordamos no dia seguinte, a cada vez que podemos ver e sentir o sol, a chuva, por estarmos em nossa casa, nosso lar com a família e valorizarmos cada coisa, cada gesto;  o mínimo que seja, tem seu valor.

Precisamos eliminar o quê e quem não presta do nosso caminho, ao invés de nos martirizarmos com as decepções e traições. Precisamos seguir em frente e desfrutarmos dos bons e dos que nos dão valor.

Precisamos sempre lembrar que, enquanto nós reclamamos de uma terra ruim, de maus governantes, de que temos dificuldades para conseguirmos viver e seguir em frente;  existem outros povos, em outras terras, com dificuldades tão maiores, tão terríveis, passando por tantas privações, e sem as mínimas condições de vida que precisamos.  Mas eles são confiantes, felizes, certos de que vão conseguir viver cada dia que está no destino deles, e que Olódùmarè e suas criações, os Òrìsà, estão com eles a cada momento, os movendo a cada dia em busca de vida.  Eles acreditam nessa força maior que pode nos conduzir pelo melhor caminho, para podermos viver e passar por cada obstáculo, por cada dificuldade, com êxito e vitórias.

Esse povo, apesar das dificuldades e das privações, eles comemoram e agradecem cada dia, cada conquista, com alegria, danças e música aos Òrìsà.
E é nessa hora, que vemos o quanto somos pequenos, o quanto reclamamos de tudo, enquanto que precisamos é agradecer o mínimo que seja.  Porque, com certeza, se conseguirmos olhar para o lado, ao invés do nosso umbigo, veremos outros seres, outros povos que tem muito menos, ou não tem nada e que vivem e agradecem por cada dia em que estão vivos, por cada dia que conseguem chegar até o final da jornada e voltar para casa.

Vamos ser gratos pela vida, e pelo que ela nos oferece. 
"Porque não há nenhum mal, que não se consiga agüentar e nenhum bem que dure para sempre!" 
Por isso, precisamos encontrar o nosso equilíbrio, para sermos capazes de enfrentar qualquer dificuldade, e também, de agradecer cada minuto de vida, cada minuto em que podemos estar vivos para lutarmos por mais um dia.

Precisamos estar sempre em busca do amor de Deus, do Amor Universal, dentro de nós, para que esse amor nos transborde de satisfação em tudo que temos, que conquistamos e tudo o que somos.
Que cada um de nós consiga encontrar essa força divina e perfeita, que é o Òrìsà,  dentro de nossos corações.

Eu, tenho certeza que Òrìsà existe em mim e que me leva sempre pelos caminhos necessários para o meu crescimento e pelo meu merecimento !

Àse !!!


Nigéria, 30/03/2016.

Erelú Iyá Òsún Funké, Iyanifá Fun Mi Lolá (Fatima Gilvaz)


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ÁFRICA

Terra de tantas privações
Terra de tantas dificuldades
Terra de tantos sacrifícios
Onde os fortes ficam mais fortes
E os fracos, mais fracos
Onde aprendemos o valor da vida
E o valor de cada ser
Terra de povo sofrido
Terra de povo sábio
Terra que nos dá o valor da natureza
Terra que nos dá o valor de Olódùmarè
Terra que nos dá o valor do Òrìsà
Que nos ensina a viver
Que nos ensina a crescer
Que nos ensina o valor do Sol e da Chuva
Que nos ensina o valor do Amor !

 Erelú Iyá Òsún Funké, Iyanifá Fun Mi Lolá (Fatima Gilvaz)