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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

ÌYÁMÍ ÒSÒRÒNGÀ
       
     

Ìyámì Òsòròngá, energia ancestral feminina, cultuada por uma sociedade de mulheres.  A sociedade de mães ou Ìyámì, é o conselho de mulheres idosas da aldeia, que é composto por iniciadas de Òşún, Yemojá e Oya, tendo Òşún normalmente como a líder.  O conselho de anciãs adoram o espírito do ar, que é uma força masculina expansiva e que tem como seu mensageiro: o pássaro.
A sociedade Òsòròngá congrega as àjé – feiticeiras.  Alguns itan de Ifá, ilustram que Ìyàmì tem o poder de se transformar em pássaros - èhurù, eluùlú, àtióro, àgbìgbò e òsòròngà, este  último refere-se  ao próprio nome da Sociedade.  Eles empoleiram-se em algumas árvores como o Iroko.  Esse, por sinal, é um dos motivos para que as pessoas não fiquem debaixo da copa de Iroko durante a noite, pois acreditamos que ela se esconde em seus grandes galhos. 

São detentoras de grande poder, consideradas as donas da barriga.  Ninguém pode com seus Ebó , são propiciadoras da alteração do destino de uma pessoa. Seus poderes são tamanhos que só se consegue, no máximo, apaziguá-las, vence-las jamais.  Quando se pronuncia o nome de Ìyámì Òsòròngá quem estiver sentado deve se levantar, quem estiver de pé fará uma reverência, pois esse é um temível Òríşá, a quem se deve respeito completo.

Toda mulher é uma Ajé , Ìyámì representa os poderes místicos da mulher no seu aspecto mais perigoso.  São as mães em cólera, que sem a sua boa vontade, a vida na terra não teria continuidade.
Ìyámì simboliza o princípio feminino, sendo responsável por todo o poder das mulheres, são as grandes mães ancestrais, que tudo criaram, transformaram e transmutaram desde o princípio da formação do Universo.   
Sem o poder feminino, sem o princípio de criação, não brotam plantas, os animais não se reproduzem, a humanidade não tem continuidade.  Assim, a mulher é o princípio da criação e preservação do mundo.  Sem a mulher não existe vida, e por esse motivo deve ser reverenciada e respeitada.  A mulher está diretamente ligada ao divino, serve como passagem e receptáculo do sagrado no mundo dos vivos, por gerar vida.  A mulher é vista como o útero fecundado, a cabaça que contém a vida, a responsável pela continuidade da espécie e pela sobrevivência da comunidade.
A mulher tem o poder da vida, pois todos são gerados no ventre feminino, todos nasceram de uma mulher, sendo fundamentalmente importante se curvar ante à poderosa mãe. Todas as mulheres e todas as Divindades femininas, principalmente Òsún, Yemojá, Oya e Nanã, possuem uma grande ligação com Ìyàmì.

O culto à Ìyàmì sempre existiu, no entanto, o respeito que existe em relação a essa Divindade fez e faz com que o seu culto seja restrito.   Ìyàmì é tida como a perigosa feiticeira, por isso recebe o nome de Ajé (feiticeira).  O medo e o respeito acerca dessa divindade são tão significativos que, o seu principal nome, Òsòròngá, quase nunca é pronunciado.
O poder de Ìyàmì é intangível e desmedido, ela é sem dúvida, uma das Divindades mais poderosas e, essa é uma das razões para que as pessoas tenham tanto receio e medo em relação a elas.   Ìyàmì é louvada por meio de cânticos específicos que enaltecem as suas características e por meio de oferendas que apaziguam a sua cólera, fazendo com que exista o equilíbrio necessário.  Em momento algum podemos deixar de lado o perigo existente acerca de Ìyàmì, no entanto, não podemos deixar de recordar que Ìyàmì, é também, o princípio gerador feminino, a representação máxima da ancestralidade feminina. 

Muito embora, grande parte do culto de Ìyàmì seja destinado às mulheres, existem os Oso, que são homens feiticeiros, mas infinitamente menos violentos e cruéis que as Àjé.  Eles participam do culto, onde, em forma de submissão total as mulheres e ao seu poder, prestam reverência e homenagens à Ìyàmì. 
Trazidas ao mundo pelo odú Osá Méjì, as Ajé, juntamente com o odú Òyèkú Méjì, formam o grande perigo da noite.
O objetivo da sociedade, que antes era exacerbar a maldade existente no poder feiticeiro de Ìyámì, modificou-se e as danças, os cânticos e as oferendas feitas em sua homenagem, visam, a aplacar a sua cólera ao em vez de incentivá-la."
No país Yorubá, as atividades das feiticeiras – Àjé – estão ligadas às das divindades, Òríşá, e aos mitos da criação.  As Àjé são um dos pilares essenciais da sociedade, porém evita-se maldizê-las abertamente, pois se acredita que possuam uma força agressiva e perigosa.
Elas escolhem entre si, uma Ìyálóde (Erelú/Ògbóni), a mulher que dirige as mulheres em uma aldeia Yorubá.  A Ìyálóde coloca o pássaro dentro da cabaça, a cobre e a entrega a mulher que quer obter o poder de Àjé.  Este pássaro é enviado em missão, cada vez que a Àjé quiser combater alguém.
Elas estão diretamente ligadas a Sociedade Ogboni.  Ogboni foi fundada para estabelecer a ordem e a paz em território Yorubá, com isso, o papel das Ìyámì, é justamente fazer esse controle entre os seres humanos.  Aquele que não estiver cumprindo o juramento feito, de lealdade, fraternidade, caráter reto; é com Ìyámì que deverá prestar contas, ela faz esse controle e cobra os tributos.







Trabalho de pesquisa por:
Obàaláse Oluwo Ifásina Ifárunaola (Willer Almeida)
Erelú Iyá Òsún Funké, Iyanifá Fun Mi Lolá (Fatima Gilvaz)


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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016





Iniciação 



A iniciação é um processo extremamente complexo e individual.  Diversos são os motivos que levam uma pessoa a iniciação.  Há pessoas que têm que ser iniciadas, outras o são simplesmente porque assim quiseram, porque amam a religião.  
Após a decisão sobre a iniciação, o primeiro passo é consultar o oráculo Ifá, para recebermos as orientações e procedimentos necessários para que tudo aconteça.
Definida a data, se dá inicio aos rituais, fica-se recolhido no Ilé Asé pelo tempo estabelecido no oráculo.  Inicialmente, descansará o orí.  Após este período, será dado inicio a um processo de limpeza física e espiritual, através de banhos rituais (ervas) e sacrifícios (ebó).  Feita a limpeza, será levado para o quarto sagrado, de onde só sairá para as cerimônias no Ilé Asé,  ou locais externos sagrados (mar, cachoeira, mata, rio, etc.). A partir deste momento, passa a ser chamado, Omo òrìsá.
É preciso um período de recolhimento para que possamos nos analisar, nos conhecermos, mudarmos o que precisa e nos purificarmos através de vários rituais de limpeza (ebós), oferendas, sacrifícios e borí.  O ritual do borí, alimentará um dos mais importantes òrìsà, o orí.  Este ritual tem o objetivo de purificar e fortalecer o orí.  Uma vez que orí foi devidamente reverenciado, é hora de iniciar o tratamento para o òrìsà.   A iniciação é algo muito particular de cada òrìsà, por isto cada um tem seus próprios rituais.
Corpo físico, mente e alma são ritualisticamente preparados para a manifestação divina.   Depois de purificados e fortalecidos, estamos prontos para o encontro com a divindade dentro de nós.  Durante esta importante fase da iniciação, tudo sempre é feito ao som de cantigas específicas e diante de olhares das poucas pessoas autorizadas.  Em seguida, será dado início aos sacrifícios necessários para os òrìsà.
Durante esse período não pode haver a alimentação de sonhos que não fazem parte de seu destino, mas sim daquilo que você sempre foi desde os primórdios e a busca de seu aprimoramento através das orientações apresentadas nos jogos divinatórios de Ifá.  Nosso Eu Interior precisa ser respeitado.  Precisamos ter o conhecimento da forma correta de sua adoração, para que possamos transformar o comportamento negativo e os vícios de personalidade, este é o verdadeiro àse, o nascer novamente com a maturidade e a consciência e poder reformular a vida de forma a satisfazer-se.  Iniciar-se no culto aos òrìsá significa preparar-se para o encontro com o Divino e consequentemente com você mesmo.
No culto Yorubá, a divindade mais importante, e que sem que ela permita, nada acontece, é o orí.  Temos o livre arbítrio das escolhas, e quando decidimos por nos iniciar no culto aos òrìsá, é porque nosso orí já fez a escolha.
Iniciar-se, significa renascer, nascer para o òrìsá, para o mundo espiritual e para uma vida em busca da realização pessoal.  Iniciação, é o início de um aprendizado e desafios constantes que requer disciplina e dedicação espiritual, é um processo em que somos orientados a seguir no caminho do equilíbrio e da plenitude.
Sentir a energia do òrìsá, significa sentir o divino, estar em sintonia com o alto e estar vibrando na mais perfeita comunhão com o Universo.  É atingir o Nirvana, o estado total de êxtase cósmico.  É uma explosão de vida, amor universal, satisfação, preenchimento, conexão total com o Criador.
O homem, sempre almejou conhecer Deus, o Universo e a origem da vida, e Olódùmarè (o Criador), nos presenteou com a sabedoria do Ifá, que nos fala sobre o princípio de tudo e todos. 
O omó òrìsá aprende os mistérios básicos das divindades e da criação; os costumes da comunidade e os princípios que regulam as relações da família espiritual, sua hierarquia sacerdotal e a forma adequada de comportamento nas cerimônias internas e públicas.  Conhecimentos acerca de seu òrìşá lhe são ministrados: a maneira adequada de cultuá-lo, suas proibições (ewò), virtudes que deverão ser cultivadas, e o que deverá ser evitado, para atrair influências benéficas e harmonia.
Òrìşá não é problema,  mas sim a solução no nosso caminho.  Através do apoio divino, o ser humano tem condições para vencer as dificuldades internas e externas e a construção de um futuro melhor.  O òrìşá não necessita, nem depende de devotos, nós é que buscamos o òrìşá.
Se iniciar na magia do orisá é possibilitar através de rituais próprios que o lado divino transpareça; é libertar o Deus Interior que existe em cada ser humano, permitindo-lhe vir a tona e provocar o impulso capaz de conduzir a individualidade à realização pessoal, estabelecendo dessa maneira a mais perfeita comunhão possível com o Universo, com a Natureza, com o Criador, enfim, com a própria Vida.
Os rituais iniciáticos para os mistérios dos òrìsà, são a forma de receber o sagrado em si mesmo, ou seja, permitir que o Deus Interior, desperte em cada indivíduo e estabeleça a ponte com o Cosmos.   O caminho da iniciação  é o conhecimento das forças que regem o Universo e a Vida nas suas mais variadas formas e manifestação.
A tarefa do poder divino universal que preside sobre todos os elementos da criação, é dominar a ilusão e a negatividade existentes aqui na terra.  A verdadeira essência da vida está dentro de você.  Neste exato momento você pode se voltar para dentro de si mesmo.  Tudo o que se precisa é uma jornada silenciosa em direção ao seu próprio ser, uma peregrinação ao seu próprio eu.  E no momento em que você encontrar o seu centro, você terá encontrado o centro de toda a existência.  Este é o verdadeiro motivo, pelo qual nos iniciamos !



Trabalho de pesquisa por:  

Obàaláse Oluwo Ifásina Ifárunaola (Willer Almeida)

Erelú Iyá Òsún Funké, Iyanifá Fun Mi Lolá (Fatima Gilvaz)


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domingo, 17 de janeiro de 2016

YEMOJÁ


Yemoja, deriva de Yeye oman ejá - Mãe cujos filhos são peixes!
Na África, Yemoja é a deusa do povo Egbá, que outrora habitava a região situada na bacia do rio Oshun, onde ainda existe o rio Yemoja, por causa das guerras, os Egbá foram obrigados a migrar para Abeokutá.  Lá, Yemoja ganhou nova morada e passou a ser cultuada nas margens do rio Ògùn (não confundir com o òrìsà Ogún).  
Seu templo se localiza na região de Ibara, em Abeokutá.  Em seus festejos anuais, a água é retirada do rio Ògùn em potes sagrados, numa grande procissão de fiéis que enchem as ruas da cidade, com cânticos e tambores.
Yemoja é uma divindade de rio, mas tornou-se associada aos mares, após ter ido definitivamente viver com Olokun, no fundo dos oceanos.  É também no ponto de encontro do rio com o mar, nessas águas revoltas, doces e salgadas, que vive Yemoja.  
Também tem seus domínios nas profundezas das águas, de onde emerge para atender seus filhos, principalmente as mulheres.  É o instinto maternal, sempre pronta para amamentar as crianças sob seu domínio, é personificada como mulher com fartos seios que nutrem o mundo. 
Sabe ser delicada, mas mantém-se de espada em punho para defender seus filhos. 

Mãe dos peixes, Deusa dos Oceanos, a grande mãe, que defende seus filhos e sua família.  Decidida e impetuosa, ela vai até o fim em seus objetivos.  Ela é a suave espuma branca da praia, mas também é o Tsunami que passa por cima de tudo, limpando e exterminando.
É a que cuida e abraça seus filhos, mas é exigente e coloca ordem.  Nada foge aos olhos de Yemoja, ela coloca tudo na areia, para que seja visto e resolvido.
É também a protetora das famílias, aquela que faz com que vivam em paz.  Regente absoluta dos lares, é ela que ampara a cabeça dos bebês no momento de nascimento.

A deusa do mar e da lua, ela é o arquétipo de mãe.  Como a que dá vida e sustenta a Terra, ela é extremamente generosa e provedora de riquezas.  É a energia criando tudo e todos.  Mas como o oceano, quando ela está revolta, pode ser implacável.  Por isso, ela representa a mãe que dá amor, mas não dá o poder.  Yemoja também é a dona do subconsciente coletivo e da sabedoria antiga, é a guardiã dos segredos que estão escondidos no fundo do mar.  
Yemoja assumiu, o domínio dos mares junto com Olokun, em cujo movimento hora calmo, hora agitado e revolto, tem representada a sua personalidade inconstante.
Para os Yorubá, Yemoja ou Yemowo (como também é chamada), forma com Obàtálá, o primeiro casal divino.

Conta um Itan, que:
"Quando Yemoja veio do òrun (céu), para o àiyé (terra), ao chegar descobriu que cada òrìsà já tinha seu domínio na terra dos homens, e nada havia sobrado para ela. Queixou-se a Olódùmarè, que disse a ela ser seu dever cuidar da casa de seu marido Obàtálá, de sua comida, de sua roupa, de seus filhos.  Yemoja se revoltou.  Ela não tinha vindo do òrun para o àiyé para ser dona de casa e doméstica.  E tanto falou, tanto reclamou, que Obàtálá foi ficando perturbado, até que finalmente enlouqueceu.  Ao ver seu marido neste estado, Yemoja pensou na atitude que Olódùmarè iria ter com ela quando chegasse do òrun, e procurou os melhores frutos, o óleo mais claro e encorpado, o peixe mais fresco, o iyan (inhame) mais bem pilado, um arroz bem branco, os maiores pombos brancos, o obì mais novo, o melhor atare, ekuru acabado de cozinhar, orí muito bom, os igbin mais claros, orogbô macio, água muito fria, e com isso tratou a cabeça de Obàtálá.  Ele foi melhorando com os ebós, e um dia ficou completamente curado.  Olódùmarè chegou do òrun e foi visitar Obàtálá.  Falou à Yemoja que havia visto tudo o que acontecera, e deu-lhe os parabéns por ter curado tão bem a cabeça de seu marido. Dali para a frente, Yemoja iria ajudar os homens que fizessem más escolhas de orí, a melhorar suas cabeças, com uma oferenda determinada pelo oráculo ifá, através do ritual de bori ".
Dona de todos os Orí, por esse motivo é sempre invocada nos rituais de Bori.  Ela nos dá a lucidez de nossas ações, mas também pode nos levar para as profundezas obscuras do nosso Orí.
Yemoja é a senhora da individualidade, e por essa razão está diretamente ligada ao Orí. 

Yemoja e Olokun, duas poderosas forças espirituais.  A majestade dos mares, senhora dos oceanos, Yemoja é a rainha das águas salgadas, suas águas abrigam um mundo fértil, e sustenta vidas ainda desconhecidas, e provê o alimento dos povos desde o surgimento dos mares neste planeta.  Olokun, é todo o mistério dos oceanos, das profundezas.  É o poder das marés. Representa o que o homem não consegue atingir. É a força desconhecida e incontrolável dos mares.  É a magia do desconhecido e senhor da riqueza.
Olokun de caráter compulsivo, misterioso e violento, é assustador quando irritado, mas tem a capacidade de transformar.  Na natureza é simbolizado pelo mar profundo, ele é o verdadeiro dono das profundezas, onde ninguém jamais esteve.  Representa os segredos do fundo do mar.  Também representa a saúde mental.  Olokun é um òrìsá perigoso e poderoso no culto Yorubá.

Yemoja trás para os seres humanos experiências e emoções que movimentam a energia necessária para compor o equilíbrio emocional tão importante para a continuidade da vida, superação dos obstáculos e problemas encontrados.

Ela representa o próprio mar, da superfície ao fundo, com toda a sua imensidão e energia, que independente da agitação da superfície, se mantém constante e serena.  Experiente e tranqüila, tem a segurança e a perseverança em cumprir seus objetivos e missão. É defensora inabalável de seus filhos. Yemoja, segue o movimento do mar de forma suave e serena.



Yemanjá
 (Chris Artése)
 
Luar se fez
Um raio prateado
Iluminando o céu
E as espumas do mar
 
Lindo clarão
A beira-mar
Vejo mamãe Yemanjá.
 
Lá vem, lá vem.
Junto com suas sereias
Nos abençoar.
Rainha Yemanjá.
 
Dona das águas
Tu és mãe
Oh! Janaina Odò Ìyà
 
Iluminai
Minhas profundas águas
Para eu decifrar
Mistérios de meu mar
 
Desse meu mar
De emoções
Rainha vem iluminar
 
Yemanjá
Princípio gerador
Amor fundamental
Tão puro e maternal
 
Yemanjá
Vem confortar
Oh! Janaina Odò Ìyà.
 

 

 

 

Trabalho de pesquisa por: 

Obàaláse Oluwo Ifásina Ifárunaola (Willer Almeida)

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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

ÒSÚN

    


O nome Òsún significa "Fonte".

Òsún representa a fonte perpétua de renovação da vida.  Com o poder fundamental da água, é ela que torna a vida possível.  Pensar na Òsún, é pensar na Deusa do rio, na Deusa da fertilidade.  Òsún transforma através da água. 
Ela é parte central da cultura Yorubá.  Seu poder é Imensurável.  Òsún é a guerreira feroz, defensora do seu povo, líder de revoluções e revoltas. 

Ela pode ser a jovem bonita e envolvente, de fala mansa que consegue matar com bondade, ou a velha mortal, proprietária de poder espiritual; ela pode ser rica ou pobre, amando ou se vingando. Ela é a Mãe Benevolente ou a guerreira feroz.  Ela cura com suas águas ou destrói indiscriminadamente com as enchentes em fúria.  Òsún pode ser mansa como o leito dos rios, mas pode ser devastadora como uma cabeça d'água que arrasta tudo à sua frente.
Poderosa e sedutora, ela sempre vai atrás do que deseja, sobrepondo os obstáculos, como uma verdadeira guerreira.

Òsún é a dona de todos os rios do planeta, onde o Omo-òrìsà deve ir, para se purificar antes da iniciação. 
É a divindade que habita as águas doces das nascentes dos rios, das cachoeiras, lagos e lagoas.  Água essa, que nos dá a vida e que também pode nos matar.
Òsún, foi o primeiro Irúnmolè feminino a vir para terra, pois ela participou da criação.  Òsún, é aquela que gerou a humanidade, é a Deusa da fecundidade, que nos dá a vida.  Nada acontece sem Òsún ! 
Obàtálá molda o corpo dos seres humanos, Ajalá molda a cabeça, Olódùmarè fornece a respiração e Òsún fornece a água para que tudo seja feito.  Assim Òsún é parte integrante da criação. 

Òsún é o temor e a magia de Iyami Osorongá.  Ela é a líder e fundadora do culto das Ajé.  É o espírito dos mistérios, a magia é a sua mais poderosa arma. 
Òsún como líder das Iyami, tem o potencial da magia e da justiça.  Ela pode destruir à "noite", com o imenso poder de eleiye, ou durante o "dia", com o imenso poder das águas. Ela é uma das fundadoras da Sociedade Ogboni, e ocupa o cargo de Erelú no conselho dos anciãos. 

Òsún é o princípio feminino no universo, é a personificação do poder místico da mulher, o real poder da cosmologia Yorubá.  A capacidade de controlar as forças físicas e espirituais, para criar a vida através da gestação, é considerado como o poder supremo na cosmovisão Yorubá.  É esse poder mágico da mulher, que o homem jamais entenderá. 

Òsún, na compreensão Yorubá, é a essência da beleza e do encantamento.  Ela é sábia, compassiva e generosa.  Para entender Òsún é preciso a sensibilidade de reconhecer a inteligência, vitalidade, carinho e capacidade feminina.  Òsún é a personificação da riqueza, prosperidade, amor, beleza, elegância e sensualidade.  É o espírito do espelho, da dança e da sedução.

Não se pode esquecer que Òsún é também a proprietária de Mérìndílógún - jogo de dezesseis búzios. 

Òsún foi esposa de Òrúnmìlá, o profeta, e detentor do oráculo.  Òrúnmìlá deu a Òsún o Mérìndílógún e disse-lhe que a partir de então, ela possuiria o                       sistema orácular dos 16 búzios (cawries), para de comunicar com Olódùmarè, onde Esú seria o mensageiro.  Òsún partilhou o seu conhecimento com outros Òrìsà, começando por Obàtálá. 


Òsún e Esú juntos, sustentam fortemente o universo.  Esú, energia dinâmica, presidi os ebós, apoiando e fortalecendo a eficácia de suas preparações e encaminhamento, e está a frente dos rituais.  Òsún é a energia poderosa, que trás a magia e o àse para que tudo aconteça.  A conexão entre Òsún e Esú é fantástica.  Ambos são capazes de conferir a maior das bênçãos;  Esú concede o àse do movimento no Universo, e Òsún, a fertilidade. 

É na Nigéria, mais precisamente em Òsogbo, no Estado de Òsún, que corre o rio Òsún, lugar de origem, culto e homenagem a Grande Divindade (Irúnmolè) regente das águas doces e dos nascimentos.  Òsún é a deusa do rio de mesmo nome e é adorada ativamente pela sua benevolência.
Òsún é uma Divindade muito respeitada e adorada no Panteão Yorubá.  Todos os anos, no mês de agosto, é realizado seu Festival, em Osogbo, no Estado da Òsún, na Nigéria - Africa, onde temos um grande ritual e festejos às margens do rio Osogbo, onde fica o seu palácio.  É uma festa internacional onde comemora-se o aniversário da cidade e também o "pacto" firmado entre o Rei Laroye, fundador e primeiro rei da cidade, e a divindade do rio Òsún. 
"Diz a lenda que os primeiros moradores de Òsogbo vieram de uma cidade que hoje é chamada "Ìpolé" (sul de Ilésà) também na Nigéria.  Eles saíram de sua cidade por causa da seca e depois de muitos dias de viagem, chegaram à margem de um rio.  Felizes, eles decidiram instalar-se no local e começaram a cortar árvores para a construção de suas casas.  Aconteceu que uma das árvores caiu no rio e, de repente, eles ouviram uma voz dizendo:
sóIgbó (de onde, provavelmente deve ter vindo o nome Òsogbo) pèlé o, gbogbo ìkòkò mi lé tí fo tan". 
"Feiticeiro da Floresta faça devagar, já quebrou todos os meus vasos".  (Nas antigas comunidades Yorùbá, os vasos eram usados para guardar água para beber).
Como sinal de paz, o rei, sentado em uma rocha, ofereceu juntamente com seu povo, sacrifício à Divindade.  Esta rocha fica até hoje como referência significante na festa da Òsún.
Òsún também é chamada de Iyalóòde, "Rainha de todos os rios".  Título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade.
Òsún tem fundamentalmente seu àse nas pedras do Rio Òsún, nas jóias de bronze, em um pente de tartaruga, no espelho, e uma faca. 

Conta um Itan de Ifá, que Òsún ganhou a guerra para Ogún com sua magia, quando envenenou as águas do lago onde o inimigo iria saciar sua sede.

Òsún, rainha das águas, que assim como suas águas, ela nos transmite toda sua força e sua doçura e nos presenteia com seus encantos e magias;  com sutileza, ela nos purifica e nos permite a concepção da vida em todos os sentidos.
Com as suas águas, Òsún vai a todos os cantos da terra; Òsún está em tudo , e se amamos, é porque Òsún está em nós.




É D'oxum

(Vevé Calazans)

Nessa cidade todo mundo é d'Oxum

Homem, menino, menina, mulher

Toda a cidade irradia magia

Presente na água doce

Presente na água salgada

E toda a cidade brilha

Seja tenente ou filho de pescador

Ou importante desembargador

Se der presente é tudo uma coisa só

A força que mora n'água

Não faz distinção de cor

E toda a cidade é d'Oxum

É d'Oxum

É d'Oxum

Eu vou navegar

Eu vou navegar nas ondas do mar

Eu vou navegar nas ondas do mar


 

 

Trabalho de pesquisa por :


Obàaláse Oluwo Ifásina Ifárunaola (Willer Almeida)

 Erelú Iyá Òsún, Iyanifá Fun Mi Lolá  (Fatima Gilvaz)



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