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sábado, 24 de outubro de 2015

ORÍ (EU SUPERIOR) E O AMOR UNIVERSAL



Uma das divindades mais importantes na compreensão do Culto Yorubá é o Orí.   Uma pessoa sem uma cabeça é uma pessoa sem direção.  A cabeça é o primeiro a entrar no mundo na maioria dos casos,  e é o domicilio de todas as escolhas. 

A cabeça é considerada o receptáculo de idéias, opiniões, emoções e está ligada ao destino e sorte de cada pessoa.   Orí é todo Asé que uma pessoa tem.  É a sede da consciência do ser humano.  Orí Inú  é a cabeça interior, o Eu Superior, portanto, o sucesso de cada ser humano, depende única e exclusivamente de seu  equilíbrio mental e de seu caráter reto.

"A origem ou a fonte de todo Orí é o Deus Supremo – Ólodùmarè  - ou o Grande Orí, do qual todo Orí deriva, visto que ele é, na verdade, o doador de todo Orí “ .  (Escrito por AWOIFALONA) .

Ori Inú é a essência da personalidade da alma do homem e deriva diretamente de Ólodùmarè.  O Orí Inú é o ser interior, o Eu Superior, o ser espiritual do homem e é imortal.  Orí é uma divindade que tem o objetivo de servir apenas a uma pessoa à qual está ligado por força do poder de Ólodùmarè. 

Estamos ligados a Ólodùmarè por nosso Ori Inú, (Eu Superior), ele é a fonte da inteligência para a sobrevivência no Ayê (terra), e dele (Ori), geramos toda a força propulsora que nos conduz em nossa jornada não somente para a vida em si, mas também na saúde, prosperidade e equilíbrio, o qual está diretamente ligado ao Órun(céu), portanto, Ori Inú é aquele que conhece o próprio destino, da mesma forma que nos conduzirá na passagem do mundo físico ao espiritual.

Ori é a palavra em Yorubá usada para descrever a consciência.  O conceito de Ifá sobre Ori é a integração do pensamento e da emoção que gera um Orí positivo ou de sabedoria.   Ifá diz:  a pessoa que fracassa, se não fizer uso da sabedoria, se tornará fútil e inútil.

“O ponto chave de Ifá para entender o que é Ori, é a transformação pessoal.  Não é somente resolver conflitos pessoais, está também em aprender como viver em harmonia com as forças invisíveis que formam e guiam o destino do planeta”. (Inner Peace “The Ifá Concept of Ori” -  Awo Falokun Fatumbi – pag. 63 – parágrafo 2).

ORÍ INÚ - a cabeça interna, é a nossa personalidade divina, ou nosso “eu verdadeiro”, ou nosso “eu supremo ou superior”. Em resumo, nossa alma. 

O Odú Ogbè-Ègùndá, fala:     “Ìwà nikàn l´ó sòro o”   (“ Caráter é tudo o que se precisa”).

Ìwà Pèlé (caráter reto) : é o que conduzirá Orí Inú até o Òrun rere (plano espiritual dos Orisá), em caráter definitivo. Todos os Orisá têm que respeitar a vontade e o livre arbítrio de Orí.  Sem a aprovação de Orí nenhum Orisá pode fazer nada pelo seu devoto.
Orí é o Deus portador da individualidade de cada ser humano. Representa o mais íntimo de cada um, o inconsciente, o próprio sopro de vida em sua particularização para cada pessoa.  Orí mora dentro das cabeças humanas e é conhecido como aquele que pode fazer a grande viagem sem retorno.

Orí é o ponto central do culto Yorubá.  Ólodùmarè (Deus) é o criador de Orí Inú, mas mesmo assim, ele nunca desceria aqui na terra pra obrigá-lo a rezar ou obrigaria seus filhos segui-lo.  Isso depende única e exclusivamente do Orí, da escolha e do livre arbítrio.  Por isso, para o Culto Yorubá, Orí é a divindade mais importante! 

A missão maior de Orí Inú, à qual cabe ao nosso Orisá ajudar-nos, é o desenvolvimento de Ìwà Pèlé (caráter reto e bom), que é o nosso passaporte para o encontro definitivo com Ólodùmarè !

Entre os povos bini, na Nigéria, a cabeça é considerada o receptáculo das idéias, opiniões, emoções e sofrimentos do individuo, e está ligada ao destino e à sorte. 
Ori é todo o asé que uma pessoa tem.  Ela é a sede da consciência e dos principais sentidos físicos”.  

“ O homem está no mundo !  Um mundo que ele encontra ao nascer e que é uma imensidão.  Percepções, vivências, emoções, elaborações, organizações se sucedem...
A relação ele / mundo irá se estabelecer de forma natural ou provocará uma realidade de estranheza, dependendo de como se estruturou em seu processo de desenvolvimento “.  (Preciso de licença para ser eu mesmo ?  - Andrée Intrator – pag. 31 – parágrafo 1).

O Orí precisa ser trabalhado e orientado para que possamos encontrar o equilíbrio do Eu Superior (Orí Inú).  Quem nunca escorregou da luz para a escuridão e se viu impotente nas tentativas de reverter o quadro ?  Por isso precisamos estar em equilíbrio com nós mesmos, para estarmos em equilíbrio com nosso Orisá e aí estaremos em equilíbrio com a natureza e com todo o universo.



AMOR UNIVERSAL


 Quando estamos em conexão com o alto e com a natureza, abre-se um canal em nossa consciência, através do qual podemos desenvolver um contato pleno e absoluto com nosso Eu Superior (Orí).  Nesse momento, somos tomados pelo êxtase e por uma quantidade imensa de luz e um Amor puramente Universal.  Neste estado podemos entrar em contato com diversas formas de vida e de manifestações divinas.  Essa essência divina , o universo e toda a criação é composta por infinitas partículas do Criador Absoluto (Ólodùmarè), que vibram em harmonia.

A natureza, os seres, e tudo o que existe na criação, se manifesta de alguma forma e evolui dentro dos seus padrões e funções na perfeita harmonia cósmica e universal. Assim, podemos nos reconhecer como parte desta grande e maravilhosa criação, a partir do momento em que soubermos que somos também uma manifestação Divina, e que se nós existimos, é porque Deus (Ólodùmarè) existe.

O Caráter, o ego e a personalidade humana, fazem parte de um processo evolutivo, no qual o homem, precisa reconhecer-se como unidade divina, precisa desenvolver sua inteligência e seu conhecimento espiritual e aprender as leis espirituais básicas da harmonia vital e do amor universal.  Somente assim, o homem consegue o seu equilíbrio.

Para alcançarmos o equilíbrio interior, precisamos ter consciência total de nossas atitudes.  Quantos de nós admitimos nossos erros, nossas limitações, e nossas falhas ?  É chegado o momento de admitirmos todos os nossos erros perante a nós mesmos, com humildade e sinceridade.  Desta forma conseguimos vibrar em harmonia com o Universo, e no momento em que somos capazes de cuidar incondicionalmente do outro, emanando o Amor Universal, estaremos em harmonia com Deus (Ólodùmarè).

Quando nos perdermos ou entramos no negativo, abrimos portas erradas e delas saem monstros: o medo, insegurança, brigas, ódio, etc...   Mas existe uma porta, estreita, pela qual podemos nos reencontrar.  Ao abrir essa porta, tudo se iluminará. Para isso, precisamos ter a consciência de que somente o Amor pode curar, só o Amor pode orientar, somente através do Amor Universal podemos saber quem realmente somos e o que realmente queremos.  Assim, alcançamos a transformação que nos leva a harmonia com o Cosmos.

A medida em que nos transformamos, tudo e todos a nossa volta acompanhará essa transformação.  É a teia da vida!  Mas para termos essa compreensão, precisamos entender que essa teia é movida pela presença do Amor, o Amor Universal.

O Amor Universal é a manifestação do Amor puro, infinito, imparcial e sem distinções. É o amor que não julga, cuida, e é capaz de mover o Universo.
(pesquisa baseada em Leandro Pires)



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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

ONILÉ

Os antigos povos que deram origem aos atuais Yorubás, cultuavam uma entidade da Terra, a Terra-Mãe, que recebeu muitas denominações em diferentes aldeias e cidades que formam o complexo cultural Yorubá. Esta antiga divindade é até hoje cultuada e recebe o nome de Onilé, a Dona da Terra, a Senhora do planeta em que vivemos. Outros nomes da Terra-Mãe são: Aiê, Ilé, Ialé, entre outros.
Onilé é uma divindade feminina relacionada aos aspectos essenciais da natureza, e originalmente exercia seu patronato sobre tudo que se relaciona à apropriação da natureza pelo homem, o que inclui a agricultura, a caça e a pesca e a própria fertilidade. Com as transformações da sociedade Yorubá, em uma sociedade patriarcal, implicou a constituição de linhagens e clãs familiares fundados e chefiados por antepassados masculinos, com isso as mulheres perderam o antigo poder que tiveram numa primeira etapa (um mito relata que, numa disputa entre Oyá e Ogum, os homens teriam arrebatado o poder que era antes de domínio das mulheres).
Os antepassados divinizados tomaram o lugar das divindades primordiais e houve uma redivisão de trabalho entre os orisá.  As divindades femininas tiveram então seu culto reorganizado.  Vários orixás tiveram dividido entre si as atribuições de zelar pela Terra.  A fertilidade das mulheres foi o atributo que restou às divindades femininas, já que é a mulher que pári, que reproduz e dá continuidade à vida. Constituiriam-se elas  em orisá dos rios, representando a própria água, que fertiliza a terra e permite a vida, são as Iyabás:  Yemonjá, Ósún, Obá, Oyá, Ewá, e Nanã, que como antiga divindade da terra, representa a lama do fundo do rio, simbolizando a fertilização da terra pela água.

Onilé teve seu culto preservado na África, mas perdendo muitas das antigas atribuições. Hoje ela representa nossa ligação elemental com o planeta em que vivemos, nossa origem primal.  É a base de sustenção da vida, é o nosso mundo material. Embora sua importância seja crucial do ponto de vista da concepção religiosa.

Na Nigéria mantém-se viva a idéia de que Onilé é a base de toda a vida, tanto que, quando se faz um juramento, jura-se por Onilé.  Nessas ocasiões, é ainda costume pôr na boca alguns grãos de terra, às vezes dissolvida na água que se bebe para selar a jura, para lembrar que tudo começa com Onilé, a Terra-Mãe, tanto na vida como na morte.
Na África Yorubá, Onilé ocupa lugar central no culto da Sociedade Secreta Ogboni.

Louvar Onilé é celebrar as origens. Por isso, quando aparecem junto aos humanos, os antepassados egunguns saúdam Onilé, lembrando-nos que ela é anterior a tudo o mais, mesmo às linhagens  mais antigas da humanidade.
(Abimbola, 1977: 111).

Além de animais, dá-se para Onilé tudo o que a terra produz e que o homem transforma: obis, orogbôs e todas as frutas, inhame e outros tubérculos, feijões, grãos, favas,  dendê, vinho e tudo mais que vem da terra pela mão do homem.

Onilé, (a Terra) tem muitos inimigos que a exploram e podem destruí-la. Para muitos seguidores da religião dos orisá, interessados em recuperar a relação orisá-natureza, o culto de Onilé representaria, assim, a preocupação com a preservação da própria humanidade e de tudo que há no mundo. Pois é Onilé quem guarda o planeta e tudo que há sobre ele, protegendo o mundo em que vivemos e possibilitando a própria vida de tudo e todos.

A humanidade não sobreviveria sem Onilé.  Afinal, onde fica cada uma das riquezas que Ólodùmarè partilhara com os orisá ?

Tudo está na terra, disse Ólodùmarè.  O mar, os rios, o ferro, o ouro, os animais, as plantas, tudo.   Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris, tudo existe porque a terra existe, assim como as coisas criadas para controlar os homens e os outros seres vivos que habitam o planeta, como a vida, a saúde, as doenças e mesmo a morte.

Onilé, a dona da terra, é o orisá que representa nosso planeta como um todo, o mundo em que vivemos.  O mito de Onilé pode ser encontrado em vários poemas de Ifá.

-(Trabalho de pesquisa a vários autores e sacerdotes).


O CÂNTIGO DA TERRA
(Cora Coralina)

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda a vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste e o pão de tua casa.

E um dia bem distante a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho, do gado e da tulha.

Fartura teremos e donos de sítios felizes seremos.

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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

                          ESÚ


                                             

Òrìsá princípio do Movimento e Interligação !
É muito claro que Esú foi criado por Ólodùmarè como um Òrìsá especial de maneira tal que ele deve existir com tudo e residir em cada pessoa.

Ele é o principio dinâmico de tudo que existe.
O que é Esú ?   Esú é a energia absoluta da oportunidade!
Quando um indivíduo recebe seu Esú pessoal, está recebendo uma conexão direta a esta matriz da oportunidade. Com nosso Esú, aprendemos a nos conectar às oportunidades que abrirão a maneira de cumprir nosso destino. 

Esú é Osíwájú (o primeiro a ser cultuado), ele é o primeiro Òrìsá a ser cultuado em qualquer rito. Isso se explica devido ao seu papel de energia condutora, propulsora, recapacitadora e reconstituidora.   É graças a energia de Esú que o sangue circula em nossas veias, que o ar se movimenta, que caminhamos, que falamos; enfim sem Esú tudo estaria paralisado, estagnado, sem desenvolvimento.   Ifá diz:  se alguém não tivesse Esú em seu corpo, não poderia existir, não saberia que estava vivo.

Deixando claro também que Esú Òrìsá não tem nada haver com Exú de umbanda, tais como Tranca Ruas, Marabo etc.., que incorporam;  esses Exús  são egúns, (desencarnados), não energia de Òrìsá.

A importância de Esú está não só na manutenção de toda a estrutura filosófica do culto, como também no que se refere à existência de todas as formas de vida manifestadas a nível material e espiritual.  Esú é, na realidade, um Òrìsá de altíssima hierarquia e muitos são os seus atributos, podendo mesmo ser considerado como o alicerce sobre o qual se apóia todo o nosso sistema religioso.
Sua atuação está diretamente relacionada com as finanças, a sexualidade, o poder de fertilização e a força transformadora das coisas. É o agente que cria expectativa aos seus cultuadores,  e gera Fé.  Ele é a agilidade, e a força renovadora.  É o arquétipo da não-submissão, do protetor, da coragem, da valentia, da agressividade, da impulsividade e da resistência, próprios de seu dinamismo.

Esú é encontrado nas feiras livres e mercados, onde ele encontra tudo o que lhe dá prazer.  Ele também é Curandeiro e Mestre de Magia.  É o dono das estradas e das oportunidades.

A palavra Esú possui o sentido de esfera, que não tem princípio, nem fim.  Esú está relacionado com todos os ancestrais  femininos, masculinos e com todas as representações coletivas.  Esú é um elemento dinâmico, representante de todos os seres naturais e sobrenaturais, é a própria  representação de tudo que existe.  É o proprio movimento do Universo.

Esú é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas.  É também ele quem  intermedia as mensagens entre os homens, os Òrìsá e Ólodùmarè, através do oráculo de Ifá.  Por essa razão é que nada se faz sem ele e sem que oferendas lhe sejam feitas, antes de qualquer outro Òrìsá, para neutralizar suas tendências a provocar mal-entendidos.

A vida é um pulsar permanente, e em cada passo, em cada avanço ou retrocesso, em cada mudança, enfim, Esú está presente. Tudo começa por ele; por isso ele será sempre o primeiro.

ESÚ ESTÁ NOS PRÓTONS, NEUTRONS E ELÉTRONS, ENFIM, EM TUDO O QUE É MOVIMENTO.

No Culto Tradicional Yorubá, Esú é cultuado em uma pedra porosa chamada Yangi, e uma estatueta enfeitada com búzios; tendo em suas mão pequenas cabaças, onde leva diversos pós (asé) utilizados em suas magias.

- Trabalho de pesquisa a vários autores.



POEMA DE ESÚ

Autor :  Jorge Amado
                                                        


Não sou preto, branco ou vermelho
Tenho as cores e formas que quiser
Não sou Diabo nem Santo, Sou Esú
Mando e desmando,traço e risco, faço e desfaço
Estou e não vou, tiro e não dou, Sou Esú
Passo e cruzo, traços misturam e arrastam o pé
Sou reboliço e alegria, rodo, tiro e boto, jogo e faço fé
Sou nuvem, vento e poeira
Quando quero, homem e mulher
Sou das praias, e da maré, ocupo todos os cantos
Sou menino, avô, maluco até
Posso ser João, Maria ou José
Sou o ponto do cruzamento
Durmo, acordo e ronco falando, corro grito e pulo
Faço filho assobiando, Sou argamassa de sonho, carne e areia
Sou a gente sem bandeira, o espeto, meu bastão
O assento,  o vento.
Sou do mundo, nem do campo nem da cidade
Não tenho idade
Recebo e respondo pelas pontas, pelos chifres da nação
Sou Esú, Sou agito vida, ação
Sou os cornos da lua nova, a barriga da rua cheia
Quer mais? Não dou, não tou mais aqui!




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