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quarta-feira, 29 de maio de 2013

TRINDADE DE OBATALA, ESÚ E ORUNMILÁ



A TRINDADE DE OBÀTÁLÁ, ESÚ E ORÚNMILÁ

A trindade constituída de Obàtálá, Esú e Orúnmilá exemplifica, no plano filosófico, o provérbio Yorubá em que a tríplice garante a estabilidade. No esforço para esta estabilidade filosófica o homem foi ensinado pelo oráculo Ifá a observar a retidão ética de Obàtálá, alegar o elemento imprevisível  da vida representado por Esú e confrontar os problemas com a sabedoria de Orúnmilá. Essa é a mensagem abstrata atrás dos mitos e legendas do papel da trindade recontada pelos versos de Ifá.

Este verso de Eji-Ogbe reconta o reconhecimento de status supremo de Obàtálá e o inicio discreto da trindade de Obàtálá-Esú-Orúnmilá.
“Não há águas que possam rivalizar com o Oceano na majestade.
Não há nascentes nas montanhas que possam se igualar a Lagoa em grandeza".
Assim declarou o oráculo de Ifá para Obàtálá, o Ancião dos Dias, no dia em que ele foi dotado com o poder criativo. Outras divindades exigiram um compartilhamento deste poder, exceto Orúnmilá e Esú.

No verso a seguir veremos Obàtálá conferido com o poder Criativo e veremos a rivalidade de outras divindades que queriam um pouco do poder. "Orúnmilá foi convidado para a trama, porém,  ele recusou. Esú também foi chamado, porém,  também recusou. Desta vez as divindades perderam a batalha para Obàtálá e imediatamente concederam preeminência eterna para ele".

A próxima estrofe Irete-Meji revela que a recusa de Orúnmilá e Esú para se agregar na conspiração contra Obàtálá não foi sem benefício calculado.  Desassociando-se  das outras divindades,  Orúnmilá e Esú se auto promoveram a uma co-igualdade com Obàtálá em uma Trindade.

Dois personagens:  “Emissário da Terra” e “O criador da cidade de Ifé” foram os regulares mensageiros de Orúnmilá para Olódùmarè, o Onipotente.
A mensagem para o Onipotente talvez seja “com o estado das coisas em Ifé hoje, que sacrifícios devo apontar como remédio?”
A resposta viria: “Ofereça um rato do mato.”

Atuando nestas recomendações Orúnmilá receberia bons auspícios para a cidade e tudo tornaria a ficar bem.  Mas assim que o tempo passou,  as coisas mudaram.   Quando o Onipotente disse que uma cabra deveria ser oferecida,  estes mensageiros reportaram a Orúnmilá que um cordeiro deveria ser oferecido. O sacrifício resultaria em falha. O que seria responsável por estes eventos?   Se perguntou Orúnmilá, não sendo cúmplice da traição dos seus mensageiros.  Eventualmente, a verdade apareceu, porém Orúnmilá nada disse.   Ele apenas impediu os mensageiros de enviarem ainda mais solicitações ao Onipotente.
Um dia, sem noticias, no curso normal de uma consulta  divinatória Orúnmilá de repente apreendeu os mensageiros e matou os dois.
Quando os cidadãos de Ifé descobriram a ação de Orúnmilá,  eles ficaram chocados. Como pode Orúnmilá ter matado seus mensageiros cujos recados para o Onipotente sempre trouxeram prosperidade à Ifé?  Quando Orúnmilá conseguiria substituir os mensageiro por outros melhores ou de iguais serviços?
Orúnmilá respondeu que o problema estava longe de ser simples, que a verdade iludiu os cidadãos.
Os cidadãos furiosos tornaram-se duros e no final sitiaram na casa de Orúnmilá.   Orúnmilá, os mandando para longe, se escondeu.
Os invasores irados armaram contra o estudante de Ifá de Orúnmilá chamado Imulegbe (O Adepto) e bateram severamente nele.
Eles acharam outro convidado Akale (O Protetor da Casa) e o tapearam  muitas vezes, então retornaram para Imulegbe para rasgar suas roupas em pedaços.
 Nisto, Orúnmilá apareceu para desafiar os agressores: Então não há mais respeito ou reverência por mim nesta cidade?  Vocês, cidadãos de Ifé, não prosperaram sob minha orientação?  É correto que os meus convidados sejam tão maltratados por vocês?
Em uma grande fúria, Orúnmilá deixou a cidade rapidamente, seguido prontamente de Imulegbe e Akale. Contudo, antes de deixar Ifé, Orúnmilá ordenou todos os adivinhos de lfá, incluindo os que empregam três, quatro, oito ou dezesseis búzios a recusar a consulta para os cidadãos devorantes de Ifé.   Assim, os cidadãos de Ifé iriam aprender quão fácil  é administrar seus próprios assuntos sem a orientação dos adivinhos.

Tendo deixado Ifé, Orúnmilá e seus dois amigos viajaram profundamente dentro da floresta até que chegaram “No Meio do Nada” e eles construíram três cabanas de colmo com folhas de palmeira: Uma para Akale (Codinome de Esú) e a segunda para Imulegbe, um outro nome para Obàtálá e a última para Orúnmilá.
Com a partida de Orúnmilá, a cidade de Ifé ficou engolida de problemas. Os alimentos tornaram-se escassos, mulheres grávidas sentiram as dores do parto mas não conseguiram parir; As recém casadas não conseguiram engravidar; Os homens se tornaram impotentes.  Em pouco tempo a desordem e a confusão reinaram.  Os cidadãos consultaram os adivinhos de 3,4,8 ou 16 búzios para ver como o desastre poderia ser detido mas, os adivinhos, responderam que todos os seus pedidos não poderiam ser satisfeitos uma vez que seus búzios usados para adivinhação foram completamente gastos em dias de necessidades. O que eles fariam? Onde se escondiam as soluções?
O próprio Rei de Ifé estava perplexo e perdido com as condições da cidade que só pioravam a cada dia.

Não choveu e tudo começou a ficar parado, então os cidadãos levaram os problemas mais a sério e viajaram para fora de Ifé para solicitar assistência em qualquer lugar possível.
Primeiro conheceram um adivinho cujo apelido era “Caranguejo que se arrasta em buracos no pântano longe dos habitantes aquáticos”. Ele rejeitou a consulta do Oráculo em seu nome alegando a injunção imposta a ele por Orúnmilá seu mestre que antes deixou Ifé.  ”Mas nós não sabemos onde está seu mestre” responderam os cidadãos.   “O que deveríamos fazer para sair dessa situação desesperadora?”
 Tendo pena de seus apuros o adivinho aconselhou-os a caçar um antílope e trazer para ele, depois ele os apresentaria outro adivinho. Os cidadãos cumpriram muito prontamente.  Então, eles foram despachados para outro adivinho cujo apelido era “Cor de Ouro assim como Óleo Fresco de Palmeira”, que foi esperado para levá-los até o esconderijo de Orúnmilá.  Depois de ter escutado suas predicações o adivinho exclamou:
“Isso é realmente verdade?  Oras, então vá buscar um antílope e traga-o para mim.”
Os cidadãos se aprontaram e depois de um tempo acharam um antílope o qual eles perseguiram até o alto da colina, abaixo dos pequenos vales.  Cada vez mais fundo floresta a dentro a perseguição continuou, até que os cidadãos se acharam “No Meio do Nada” quando de repente o antílope desapareceu. Procurando pelo antílope perdido, os cidadãos logo avistaram três cabanas de colmo com folhas de palmeiras.
Completamente assombrados eles disseram a eles mesmos: “Que lugar mais deserto para se escolher como habitação!  Como pode alguém morar aqui quando, em Ifé, nós estamos morrendo de fome?”
Um deles pegou uma pedra e arremessou-a em uma cabana. Saiu de lá Akale (Esú) perguntando com irritação   “Quem arremessou esta pedra em minha cabana?”
“Fomos nós” Responderam os cidadãos
“Qual é o problema  ”Exigiu Esú “,  que missão os trazem aqui?  Vocês nos proíbem de morar aqui também?”
“Ha !!“ Exclamaram os cidadãos. “Vocês, finalmente”. Eles chamaram Esú e narraram para ele a miserável condição de vida em Ifé.

“Disse Esú” Agora vocês vão retornar a Ifé e trazer os reparos por terem apedrejado minha cabana: 2 ratos do mato, 2 peixes secos e todas as outras coisas em dois.”
Eles voltaram a Ifé com a intenção de providenciar os reparos necessários.  No processo eles relataram ao Rei que havia um raio de esperança no “Meio do Nada.”

Uma certa pessoa que falou com eles exigiu reparações deles. O Rei respondeu que suspeitava de que Orúnmilá também estivesse na companhia de seu interlocutor. Os cidadãos deveriam retornar para a floresta com as reparações requeridas e relatar os desenvolvimentos. Entretanto, antes dos cidadãos retornarem, Akale (Esú) foi ao encontro de Orúnmilá.

“Há um desenvolvimento interessante”, ele disse.”Um dos cidadãos de Ifé que veio aqui apedrejou minha cabana.  Eu me retirei, ouvi seus contos de aflição e antes de prometer qualquer coisa eu ordenei reparações pelas suas transgressões. O que nós faremos se eles voltarem com as reparações?”

Orúnmilá levou consigo Esú para relatar a situação para Obàtálá, que é chamado de Elegbe(O Adepto)
Desta vez Orúnmilá disse:

“Obàtálá, por favor escute.  Esú acabou de me contar que os Cidadãos de Ifé vieram aqui, e sua história é cruel, muito cruel. O desastre é iminente a não ser que façamos algo para ajudar.”
Obàtálá respondeu: “Realmente!  Mas você sabe, Orúnmilá, que desde o nosso exílio aqui eu fechei as comportas de chuva.  Nenhuma gota irá cair na terra até que o mundo todo seja destruído. Eu não vou escutar  nenhum apelo.”
Apesar de muitas tentativas de Orúnmilá e Esú,  Obàtálá se recusou a mudar de idéia.
Foi quando Orúnmilá disse essas pesadas palavras:
Obàtálá, você deve retornar ao seu trabalho:
O ferreiro molda o ferro uma e outra vez
Até estar reto e perfeito
O barbeiro ainda não terminou o seu trabalho
Até que atrás e os lados não estiverem aparados
Você deve retornar ao seu trabalho interminável
Gerações de reis reinaram na terra
Mas ainda não vi um que rivalize este
Que rivalize Obàtálá, Rei de todos os Orisá
Real Artífice da Perfeição
Que veio do céu mas que localizou sua casa terráquea na cidade de Iranje
Ele sozinho tem o poder de fechar os portões da chuva
Ele sozinho criou a cúpula branca do céu
Ele criou as espécies de rato para durar para sempre
Ele criou as espécies de peixes para durar para sempre
Ele criou as espécies de pássaros para durar para sempre
Ele criou as espécies de feras para durar para sempre
E ordenou que a espécie do homem nunca fosse destruída.
Perplexo nestes elogios sutis, Obàtálá respondeu:
“Na verdade, Orúnmilá, na verdade você recontou muita história.
Nada mais resta a não ser aceitar seus apelos”

Conseqüentemente quando os cidadãos de Ifé voltaram com as reparações, Orúnmilá perdoou-os, Obàtálá perdoou-os e Esú perdoou-os. Com as reparações, um sacrifício de indenização foi cumprido.

Acerca disso os três adivinhos e os cidadãos voltaram a Ifé dançando e alegrando-se de que a cidade fora salva do desastre.
Daquela vez a cidade de Ifé se expandiu em várias direções até que englobou todo o mundo.


  OBÀTÁLÁESÚ E ORÚNMILÁ

OBÀTÁLÁ

O Orisá de paz, harmonia e pureza. Ele é o pai da maioria dos orisá e o criador da humanidade. Ele é o dono da criação. Ele representa claridade, justiça e sabedoria. Tudo o que é branco na terra pertence a ele: a neve, as nuvens brancas, os ossos, o cérebro, o algodão.  Obàtálá é o sol e é também a chuva que cai para fertilizar a terra.  É o dono da argila e da criação, onde molda os seres humanos em barro.
"o grande orisá", ocupa uma posição única e inconteste do mais importante orisá e o mais elevado dos Deuses Yorubás.
Senhor do silêncio, do vácuo frio e calmo, onde as palavras não podem ser ouvidas.  Pode ser lento como um caramujo, todo de branco como seu ritual exige, e também ser enérgico e guerreiro, em todas as versões, é Obàtálá ,  o rei do pano branco.


ESÚ

Esú foi criado por OLÓDÙMARÈ como um Orisá especial de maneira tal que ele deve existir em tudo e residir em cada pessoa. Foi dessa matéria primordial e divina da qual, posteriormente, ele fez todos os Orisá.  Assim, Esú é o primeiro ser criado.
Esú é conhecido como "Esú Agbá”, o Ancestral primordial, e seus assentamentos mais antigos e tradicionais eram simples pedras de laterita vermelha.  Esú é por excelência o símbolo da existência diferenciada e, em conseqüência disso, o elemento dinâmico que leva ao movimento, à transformação e ao crescimento.  Ele é o principio dinâmico de tudo que existe e do que virá a existir.   Esú é a energia absoluta da oportunidade!
Esú é o primeiro a ser cultuado, e isso se explica devido ao seu papel de energia condutora, propulsora, recapacitadora e reconstituidora.  Sem Esú, tudo estaria paralisado, estagnado, sem desenvolvimento.
É Esú quem faz cumprir o equilíbrio de tudo que existe. É o equilíbrio que permite a multiplicação e o crescimento.


ORÚNMILÁ
 Orúnmilá é o Orisá Senhor da sabedoria e do conhecimento, que tendo adquirido o direito de viver entre o céu e a terra, tudo sabe e tudo vê na totalidade dos mundos, transcendendo espaço e tempo.
Foi testemunha da criação universal e detém o conhecimento do passado, presente e futuro do destino de todos os habitantes da terra e do céu.
Na Terra, Orunmilá é quem apresenta o destino ao reencarnante por ocasião da seu nascimento .  Conhece todos os destinos e como propiciar o sucesso em todos os âmbitos, além de revelar o Orisá pessoal de cada um.
Orúnmilá é a soma da sabedoria suprema, a vida e a morte, o nascimento da natureza, a visão total do mundo e da existência estabelecendo normas éticas que irão comandar as sociedades e os homens.  É o equilíbrio que ajusta a força que conduz a sustentação do planeta.   Orúnmilá representa a antiga sabedoria do Culto Yorubá. 
Uma modalidade orácular mais popular é o Opelé Ifá.  Apenas sacerdotes iniciados no culto de Orúnmilá - os Oluwo Ifá e Babalawo – são credenciados para utilizar esses oráculos.   Todo o corpo filosófico da religião yorubá se resume nos signos de Ifá